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Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "A Saga/Fuga de J.B.", de Gonzalo Torrente Ballester

Com a proposta de hoje é possível viajar pela escrita de Gonzalo Torrente Ballester e revisitar "A Saga/Fuga de J.B." com a leitura de Agostinho Costa Sousa.



Sete peças de teatro, cinco ensaios, outros tantos diários, inúmeros dispersos e mais de duas dezenas de romances: o trabalho literário do professor, escritor, jornalista e crítico Gonzalo Torrente Ballester é vasto e disseminado por diferentes formas de expressão, muitas vezes acompanhado por um sentido de humor insuperável.

Aliás, "Crónica do Rei Pasmado", de que aqui já se apresentou um trecho e publicado em 1989, não ficou restringido às páginas do livro de Ballester, pois Imano Uribe levou a obra ao grande ecrã (1991), tendo por base um guião sob supervisão do próprio autor, mas escrito pelo filho, Gonzalo Torrente Malvido, em parceria com Juan Potau, participando na película o português Joaquim de Almeida.

Ballester nasceu numa aldeia de Ferrol, conhecida como Serantes, na Galiza, a 13 de junho de 1910. Desde criança manifesta uma enorme paixão pela leitura e será estudante de Direito em Oviedo, mas depressa opta pelo jornalismo, trabalhando no periódico El Carbayón. Chega a fixar-se em Vigo no final dos anos 20, mudando-se então para a capital. Em Madrid dedica-se a estudos universitários na área de Letras, ganha evidência no universo literário e prossegue o caminho jornalístico. Já mora em Pontevedra quando, no arranque dos anos 30, se casa com Josefina Malvido. O começo da carreira como professor acontece quando já está de volta ao Ferrol e Ballester passa a lecionar História, Latim e Gramática, mas não abandona os estudos universitários - acabará formado em História, pouco depois de entrar na política através do Partido Galeguista.

O princípio da Guerra Civil de Espanha surpreende-o em Paris, numa altura em que cuidava do seu doutoramento. Pai de quatro filhos, no regresso a solo espanhol torna-se falangista e, em 1942, escreve mesmo o prefácio de um livro do chefe, Primo de Rivera. Logo a seguir, porém, o seu livro "Javier Mariño" (1943) será alvo da Censura e a proximidade de Ballester ao franquismo esmorece. Vai escrevendo sobre as suas áreas de intervenção, publica livros e até assina argumentos cinematográficos depois de se tornar docente de História Universal na Escola de Guerra Naval (será afastado pela ditadura franquista em 1962, assim como da rádio e de um jornal, depois de a sua assinatura figurar num manifesto de apoio à luta grevista dos mineiros das Astúrias). Pelo meio, em 1958, perde a mulher e o pai, conhecendo Fernanda Sánchez Guisande-Caamaño em janeiro de 1960 - o casamento realiza-se em maio, no ano seguinte nascerá Fernanda (e terá outros seis filhos da segunda mulher).

De 1964 é a sua reintegração no ensino espanhol, embora dois anos mais tarde já esteja a caminho dos EUA. Regressa momentaneamente a Espanha em 1970, quando acontece a morte da mãe, no ano seguinte está outra vez em solo norte-americano e, em 1973, fixa residência em Espanha, voltando ao ensino e às colaborações com jornais. Começa aqui a sua fase de consagração, ainda que ensombrada por um enfarte logo em 1976, do qual recupera após algum tempo de afastamento de funções. Prossegue a carreira literária e vai recebendo os principais galardões espanhóis.

Na sua obra incluem-se "Javier Mariño" (publicado em 1943 e alvo da Censura), "El Golpe de Estado de Guadalupe Limón" (1946), "Ifigenia" (1949), a trilogia "Os Prazeres e as Sombras", composta por "Vem aí o Senhor" (1957)"Onde os Ventos Mudam" (1960) e "A Páscoa Triste" (1962), "Don Juan" (1963), "Off Side" (1968), "A Saga/Fuga de J.B." (1972), "Fragmentos de Apocalipse" (1977), "A Ilha dos Jacintos Cortados" (1980), "Dafne e Fantasias" (1982), "A Bela Adormecida Vai à Escola" (1983), "Quizá nos Lleve el Viento al Infinito" (1984), "A Rosa dos Ventos" (1985), "Eu Não Sou Eu, Evidentemente" (1987), "Filomeno" (1988), "As Ilhas Extraordinárias" (1991), "A Morte do Decano" (1992), "El Hostal de los Dieuses Amables" (1993), "La Novela de Pepe Ansúrez" (1994), "O Casamento de Chon Recalde" (1995), "Os Anos Indecisos" (1997) e "Doménica" (1999).

Colecionou distinções e foi uma voz respeitada da Literatura e da Cultura em Espanha. Morreu aos 88 anos, durante o sono na sua casa em Salamanca, a 27 de janeiro de 1999. Fica célebre a resposta proferida a uma pergunta em entrevista acerca da sua obra: "Nunca um romance me deu tanta satisfação como ver crescer são cada um dos meus filhos."


Quetzal/Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra


"Numa sociedade como a de hoje, onde o erotismo tantas vezes deixou de ter um papel relevante porque a conquista é demasiado fácil, é importante reler estas páginas, onde o humor e a sátira nos encantam", escreve Daniel Sampaio no prefácio da obra "Crónica do Rei Pasmado", de Torrente Ballester.

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.

A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.

No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".

A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.

"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho. 

"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho. A 23 leu "Foi Ele?", de Stefan Zweig. No dia 7 de julho trouxe "Cartas 1955-1964, volume II", de Julio Cortázar. "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte, chegou a 21 de julho. De 30 de agosto é a leitura de um trecho da obra "Servidão Humana", de Somerset Maugham. "Nosotros", de Manuel Vilas, foi a leitura no dia 18. De 22 de setembro é a leitura da obra "A Religião da Cor", de Jorge Sousa Braga. "Exercícios de Humano", de Paulo José Miranda, foi a leitura de 11 de outubro. A 17, "Flores Silvestres", de Abbas Kiarostami, foi a proposta. "Uma História de Xadrez", de Stefan Zweig, foi a leitura de 7 de novembro. Manoel Barros e "O Poeta" surgiram a 13.

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