Um excerto da famosa obra ""Os Irmãos Karamazov", do russo Fiódor Dostoiévski, é a proposta de Agostinho Costa Sousa para hoje.
O pai de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski era um médico militar e, por isso, com apenas 15 anos, o futuro romancista, filósofo e jornalista, que nascera em Moscovo a 11 de novembro de 1821 e cedo perdera os pais, foi enviado para a Academia Militar de São Petersburgo, aqui se formando na área da Engenharia. Um dos nomes maiores da Literatura russa e mundial iria aproveitar essa passagem formativa para descobrir autores como Shakespeare, Byron ou Vítor Hugo, entre outros, e de imediato sentir-se atraído para a arte da escrita. Primeiro ainda se dedicou a traduções, mas, logo em 1846, publicou "Gente Pobre" e "O Duplo".
Mas nem só de romances se contituía o percurso literário do escritor - foi publicando contos como "Senhor Prokhartchin", "Romance em Nove Cartas", "Polunzkov", "A Senhoria", "Coração Fraco", "O Ladrão Honesto", "Uma Árvore de Natal e uma Boda", "A Mulher Alheia e o Marido Debaixo da Cama", "Noites Brancas" ou "nttochka Nezvanova". Estava a conquistar popularidade quando, sob acusação de conspirar contra o Czar, foi preso e mesmo condenado à morte, embora depois a pena tenha sido transformada em trabalhos forçados nas condições extremas da Sibéria, em Tobolsk e Oms.
Nesta duríssima fase da sua vida, aderiu a um posicionamento místico sobre a vida e, quando foi alvo de uma amnistia, em 1854, já adotara essa forma de avaliar a realidade que o rodeava. Já sofria de epilepsia, mas não se livrou, contudo, de cumprir serviço militar em Semipalatinsk. Ainda assim, a 7 de fevereiro de 1857, casou-se com Maria Dmitriévna e, dois anos mais tarde, para tentar que os médicos o libertassem da epilepsia, pôde sair do Exército. Apresentou "O Pequeno Herói", fou publicando contos e também "Recordações da Casa dos Mortos" (1862). Funda uma revista literária com o irmão, intitulada "Tempo", escrevendo "Humilhados e Ofendidos", obra que lhe assegura elogios da crítica. Viaja pelo continente europeu, apresenta "Uma História Desagradável", "Notas de Inverno sobre Impressões de Verão" e "Notas do Subterrâneo", mas perde a mulher, vítima de tuberculose, e o irmão, Mikhail, entre abril e julho de 1864.
Segue-se uma fase de amargura, afastamento da vida pública e a escrita de alguns dos seus livros mais elogiados: "Crime e Castigo" foi publicado em 1866 e teria inúmeras adaptações cinematográficas: em 1923, ainda no tempo do mudo; mas também em 1935, 1956, 1970, 1983, 1998 e 2002. Depois de "Crime e Castigo", Dostoievski publicou "O Idiota", "Os Demónios", "O Jogador" e "O Eterno Marido". Entretanto, conhece e casa-se com Anna Grigorievna Snitkina, com quem terá duas filhas e dois filhos. Sobrecarregado com dívidas, Dostoievski escolhe o caminho de nova viagem europeia, agora acompanhado pela mulher, mas agrava a situação financeira do casal com a forma desenfreada como aposta na roleta. Muda-se para Staraia com a família em 1872 ao mesmo tempo que alimenta intensa atividade em revistas literárias. Mas a saúde dos seus pulmões começa a ficar debilitada em 1874 e obriga-o a uma passagem por Bad Ems, localidade alemã, com o objetivo de recuperar. Setembro de 1875 é o mês escolhido para a família Dostoievski voltar para São Petersburgo e para investir em novos contos. Continuou a escrever e a intervir na vida pública até que, no começo de fevereiro de 1881, dá sinais evidentes de que a sua vida corre perigo. E morre a 9 de fevereiro, na cidade de São Petersburgo.
Sobre o livro de que hoje é aqui apresentada a leitura de um excerto por Agostinho Costa Sousa, de 1958 é a adaptação do romance, escrito em 1880, ao grande ecrã em Hollywood com Richard Brooks como realizador e interpretações de Yul Brynner, Maria Schell, Claire Bloom, Lee J. Cobb ou William Shatner. Em 1969, Kirill Lavrov, Ivan Pyryev e Mikhail Ulyanov dirigiram a adaptação soviética com o título "Bratya Karamazovy" e que teria nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Neste caso, o elenco teve nomes como Mikhail Ulyanov, Lionella Pyryeva, Kirill Lavrov, Andrey Myagkov, Mark Prudkin, Svetlana Korkoshko ou Valentin Nikulin. Em 2009, também uma minissérie televisiva sobre a obra foi construída. "O Duplo" é outra das obras literárias de Dostoievski adaptadas ao Cinema, neste caso em 2013.
Editorial Presença/Tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra
De 1958 é a adaptação do romance ao grande ecrã em Hollywood com Richard Brooks como realizador e interpretações de Yul Brynner, Maria Schell, Claire Bloom, Lee J. Cobb ou William Shatner. Em 1969, Kirill Lavrov, Ivan Pyryev e Mikhail Ulyanov dirigiram a adaptação soviética com o título "Bratya Karamazovy" e que teria nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No passado dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.
A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.
No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".
A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker. "Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do passado dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai.
Comments