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Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "Zadig ou o Destino", de Voltaire

Escrita por Voltaire, um dos principais nomes do Iluminismo, "Zadig ou o Destino" é a proposta de leitura apresentada hoje por Agostinho Costa Sousa.



"Cândido ou o Otimismo" (1759) é a obra mais conhecida de um dos grandes nomes filosóficos do Iluminismo, o francês Voltaire, pseudónimo de François-Marie Arouet. Mas "Zadig ou o Destino" é também um livro importante no desenvolvimento do trabalho do pensador. Nascido em Paris a 21 de novembro de 1694, Voltaire exerceria influência determinante nos ideais das revoluções norte-americana e francesa. Defensor intransigente das liberdades civis e de comércio, haveria de contrariar qualquer ideia de intolerância no plano religioso.

Mas o começo da vida do futuro escritor e filósofo, embora protegido por uma situação económica muito confortável, teve momentos conturbados como a perda da mãe quando tinha apenas sete anos. Anos mais tarde, os seus primeiros escritos iriam causar irritação ao poder e, por isso mesmo, Voltaire foi preso na Bastilha em 1717, aproveitando a situação para escrever "Édipo" e "Poema da Liga", publicados alguns anos depois. Tornaria a ser preso depois de outro conflito, mas, neste caso, resolveu partir para o exílio, instalando-se em território inglês entre 1726 e 1728. Foi outro período aproveitado para aprofundar o seu pensamento e para escrever. Publicaria "Cartas Filosóficas", cujo teor de forte contundência contra a forma de exercício do poder em França (monarquia absolutista) levaria a que a obra fosse impedida de circular em solo gaulês e destruída.

Já conquistara lugar na Academia Francesa quando aceitou o convite de Frederico II da Prússia para o aconselhar, rumando a Potsdam para assumir o lugar na corte. Mas também esta relação teria momentos tempestuosos e, na sequência de um deles, Voltaire radicou-se em Genebra. Escreveria "A donzela de Orléans" (1755), "Ensaio sobre os Costumes" e "Poema sobre o Desastre de Lisboa", ambos em 1756.

Passaria a viver em Ferney, continuou a escrever e entrou na maçonaria pouco tempo antes de morrer. A morte de Voltaire registou-se a 30 de maio de 1778, mas as suas marcas indeléveis já não podiam ser apagadas nem ignoradas.


Ulmeiro/Tradução de João Gaspar Simões


"Zadig ou o Destino" seria publicado durante a presença de Voltaire como conselheiro na corte de Frederico II da Prússia em Potsdam (1747).

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. "A Arquitetura é a minha mulher legítima, a Leitura é uma das ilegítimas", refere. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No passado dia 25, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías.

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