Poeta, compositor, artista visual e músico, Arnaldo Antunes e o seu livro "As Coisas", distinguido com o Prémio Jabuti de Poesia em 1993, são as propostas de Armando Liguori Junior para hoje.
Para Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho, os livros chegaram primeiro do que a música, mas ambos estão entranhados na sua pele. Nascido em São Paulo, a 2 de setembro de 1960, foi o quarto de sete filhos de Arnaldo Augusto e Dora Leme, sendo irmão de Álvaro, Maria Augusta (Uche), José Leopoldo (Léo), Cira, Sandra e Maria Renata. Adepto do Santos, o clube de Pelé, o seu talento para o desenho revelou-se ainda na adolescência, tal como sucedeu com o gosto pela escrita de poesia. Tomou contacto com algumas influências musicais como Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros, ganhou conhecimentos de cinema e travou amizade com vários dos futuros companheiros na banda Titãs. Em 1978 entrou na Universidade (Letras), seguindo a família no ano seguinte para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu os estudos superiores.
O seu primeiro trabalho experimental na área cinematográfica, "Jimi Gogh", mistura músicas de Jimi Hendrix e quadros de Vincent van Gogh. Entretanto, casa-se com Go, a primeira mulher, e juntos decidem voltar à cidade paulista. Trabalham em diferentes áreas com diversos artistas e Arnaldo entra na Banda Performática, dedicando-se não só a atuar, mas à composição. De 1982 é a sua estreia com os Titãs, além de continuar as atividades artísticas em conjunto com a mulher. Dois anos mais tarde, além de publicar o primeiro livro ("Ou E"), ganha popularidade com os Titãs e passam a apresentar-se perante o público por todo o Brasil. Segue-se uma fase de intensa criação artística nos diversos domínios, mas também a prisão, durante um mês, por ter sido surpreendido na posse de heroína com Toni Bellotto, seu parceiro nos Titãs.
Exposições, composição, concertos, publicação de poemas e livros - de tudo um pouco se faz a vida de Arnaldo, enquanto se degrada a relação com Go. Em 1987, afastado da primeira mulher, vai viver com Zaba Moreau e serão pais de Rosa. No ano seguinte, o Titãs alcançam projeção no estrangeiro e vêm inclusive a Portugal, atuando nos mesmos palcos dos Xutos & Pontapés. As outras atividades artísticas de Arnaldo prosseguem em bom ritmo e a estreante Marisa Monte grava, em 1989, uma música composta pelo próprio, acompanhado por Fromer e Britto (a colaboração irá prolongar-se noutras parcerias e músicas como, por exemplo, a popular "Beija Eu" e o projeto Tribalistas). Celeste nasce em 1991, é a segunda filha de Arnaldo e Zaba, ao mesmo tempo que a intervenção de âmbito cultural do artista não conhece travagens, seja no Brasil ou além-fronteiras. De 1992 é a sua saída dos Titãs, embora mantenha a colaboração no papel de compositor, e a publicação do livro "As Coisas", do qual hoje aqui se apresenta uma leitura por Armando Liguori Junior e que foi premiado com o Jabuti de Poesia em 1993.
Compõe para Adriana Calcanhotto; Gilberto Gil e Caetano Veloso aproveitam o seu trabalho literário para incluírem, no disco "Tropicália 2", a canção "As Coisas"; vai alargando a sua influência a vários artistas e a diferentes campos. Em 1997 nasce Brás, terceiro filho ao lado de Zaba, e os laços de cooperação e apresentação em Portugal sucedem-se, incluindo a parceria com os Clã, em 2000, para a canção "H2Omem" (um dos seus álbuns discográficos intitula-se "Ao Vivo em Lisboa" e é de 2017). De 2002 é a gravação de Tribalistas, um projeto de enorme sucesso que partilha com Carlinhos Brown e Marisa Monte, além dos músicos Dadi e Cezar Mendes, sem esquecer a participação especial de Margareth Menezes. Pelo tempo fora vai acumulando prémios, gravações, exposições, livros, discos, colaborações com outros músicos, instalações, viagens, apresentação de projetos inovadores nos mais variados domínio da arte. E não tenciona parar. Afinal de contas, tudo somado, são quase três dezenas de trabalhos discográficos, além de tantas canções compostas e vídeos realizados para outros artistas, mas também mais de duas dezenas de livros.
Para saber mais sobre o músico, poeta, artista visual e compositor, podem consultar aqui o seu site.
Editora Iluminuras/Ilustrações de Rosa Antunes
"As Coisas" teve edição inaugural em 1992 e foi ilustrado por Rosa, primeira filha de Arnaldo Antunes.
Armando Liguori Junior, ator e jornalista de formação, tem três livros publicados; dois de poemas ("A Poesia Está em Tudo" – Editora Patuá 2020; "Territórios" – Editora Scortecci 2009; e um de dramaturgia: "Textos Curtos para Teatro e Cinema (2017) – Giostri Editora). Atualmente mantém um canal no YouTube (Armando Liguori), dedicado a leituras literárias, especialmente de poesia. Estreou-se nas leituras aqui para o blog com "Se te Queres Matar Porque Não te Queres Matar?", de Álvaro de Campos, a 15 de julho do ano passado, seguindo-se "Continuidades", de Walt Whitman, a 7 de agosto e "Matteo Perdeu o Emprego", de Gonçalo M. Tavares, a 11 de setembro, várias leituras do meu "Murro no Estômago" (a 16 de outubro do ano passado e a 5 de setembro deste ano). Já este ano, a 12 de fevereiro, apresentou "Pelo Retrovisor", de Mário Baggio, seguindo-se "A Gaivota", de Anton Tchekhov, a 27 de março, Dia Mundial do Teatro; "A Máquina de Fazer Espanhóis", de Valter Hugo Mãe, a 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa; e, a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com leituras de "Cheira Bem, Cheira a Lisboa", de César de Oliveira, e um trecho de "Viagem", de Miguel Torga. No passado dia 26, a escolha recaiu em "O Medo", de Carlos Drummond de Andrade. Niels Hav e "Em Defesa dos Poetas" foi o passo seguinte, a 28. Antes de hoje, Armando Liguori Junior apresentara "Algo Está em Movimento", de Affonso Romano de Sant'Anna, a 30 de outubro do ano passado. A 2 de março leu "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", de Jorge Amado, e no dia 6 apresentou "A Máquina", de Adriana Falcão.
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