A poesia de Cecília Meireles, nome maior da Literatura de língua portuguesa, volta aqui ao blog pela voz de Armando Liguori Junior com a leitura de "Escolha o seu Sonho".
Poeta, professora, jornalista e pintora, Cecília Benevides de Carvalho Meireles ascenderia ao estatuto de uma das principais personalidades da Literatura em língua portuguesa, assumindo-se como símbolo notável do movimento Modernista. Foi no Rio de Janeiro que nasceu, a 7 de novembro de 1901, filha de açorianos. Os primeiros anos de vida tiveram marca trágica que já vinha de antes do seu nascimento: o pai morreu antes de a gravidez terminar; a mãe, a quem perderia com apenas três anos, era professora e ficara sem três filhos quando Cecília ainda nem existia. A menina viu, portanto, a sua vida alterada e foi a avó, uma açoriana de São Miguel chamada Jacinta, quem se responsabilizou por cuidar dela.
Depressa ganhou intenso gosto pela leitura e, embora chegasse a interessar-se por música, ao ponto de a estudar, seriam a escrita e o ensino a conquistá-la. Começou a ensinar durante a juventude e publicou o primeiro livro, "Espectros", em 1919, com apenas 18 anos. Três anos mais tarde casava-se com o português Fernando Correia Dias, artista plástico que se radicara no Rio de Janeiro - o casal teria três filhas.
Empenhou-se na carreira docente e na escrita, chegando mesmo a publicar para as escolas e para crianças como em 1924 com "Criança, Meu Amor".
Continua a escrever e a publicar, incluindo diversas traduções (era um prodígio nos idiomas, dominando sete línguas), além de se deslocar em investigações ao estrangeiro - Portugal está entre os países visitados. Nos anos 30, fase em que chega ao fim o seu casamento com Correia Dias (1935), passa a ensinar durante algum tempo na Universidade (Literatura Luso-Brasileira, mas também Técnica e Crítica Literária) e a década seguinte começa com missão semelhante em território universitário, mas no Texas. É também a altura em que se casa com Heitor Grillo.
Nunca deixa de escrever e de publicar, nem de viajar - não apenas em solo americano, mas também de visita aos Açores. Dos anos 50 são mais publicações ("Romanceiro da Inconfidência" é de 1953, por exemplo) e novas deslocações, destacando-se a visita à Índia após convite do próprio primeiro-ministro Nehru, além de passagens pelo continente europeu e até por Israel.
Momentos delicados surgem nos anos 60 devido a graves problemas de saúde: em 1962 é informada de que um cancro no estômago é causa do seu constante mal-estar. Luta com toda as suas forças, prossegue a escrita, mas a doença tem mais argumentos e acaba por matá-la, a 9 de novembro de 1964. "Escolha o seu Sonho", leitura escolhida para hoje por Armando Liguori Junior, foi publicado nesse preciso ano.
Neta e filha de açorianos, com apenas três anos a futura poeta já perdera os pais e ficaria a cargo de uma avó e de uma ama.
Armando Liguori Junior, ator e jornalista de formação, publicou, em 2023, "Eu Poderia Estar Matando" e, mais recentemente, as obras "Sempre Haverá uma Gota de Sangue em cada Poema" (uma novela policial) e "Latidos: Poemas de Amor ou quase ou nem" (poesia). Mas tem outros livros publicados: três de poemas ("A Poesia Está em Tudo" – Editora Patuá 2020; "Territórios" – Editora Scortecci 2009; o recente "Ser Leve Leva Tempo", que já aqui apresentou; e um de dramaturgia: "Textos Curtos para Teatro e Cinema (2017) – Giostri Editora). Atualmente mantém um canal no YouTube (Armando Liguori), dedicado a leituras literárias, especialmente de poesia.
Relembro que o meu Amigo esteve em Portugal, dirigindo e atuando pelo Coletivo de Teatro Commune - no Espaço Arenes, em Torres Vedras, e em Montemor-o-Novo, no Cineteatro Curvo Semedo, com a comédia "Ubu Rei", tendo por base a obra de Alfred Jarry. Foi a Companhia João Garcia Miguel que começou por receber, em Torres Vedras, o meu Amigo Armando Liguori Junior e o restante coletivo para a comédia "Ubu Rei", num elenco com Augusto Marin, Esther Góes, Fabricio Garelli, Natalia Albuk, Paulo Dantas e Juliano Dip. No dia 21 de março, às 21h30, estiveram também no Cineteatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo, para outra sessão da sua comédia.
Nesta visita, além do sucesso alcançado junto do público com a oportuna comédia, houve finalmente a oportunidade de nos encontrarmos sem ser via Internet.
Estreou-se nas leituras aqui para o blog com "Se te Queres Matar Porque Não te Queres Matar?", de Álvaro de Campos, a 15 de julho de 2020, seguindo-se "Continuidades", de Walt Whitman, a 7 de agosto e "Matteo Perdeu o Emprego", de Gonçalo M. Tavares, a 11 de setembro, várias leituras do meu "Murro no Estômago" (a 16 de outubro de 2020 e a 5 de setembro de 2021). Em 2021, a 12 de fevereiro, apresentou "Pelo Retrovisor", de Mário Baggio, seguindo-se "A Gaivota", de Anton Tchekhov, a 27 de março, Dia Mundial do Teatro; "A Máquina de Fazer Espanhóis", de Valter Hugo Mãe, a 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa; e, a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com leituras de "Cheira Bem, Cheira a Lisboa", de César de Oliveira, e um trecho de "Viagem", de Miguel Torga. A 26 de outubro surgiu "O Medo", de Carlos Drummond de Andrade, e Niels Hav com "Em Defesa dos Poetas" foi o passo seguinte, a 28. Antes de hoje, Armando Liguori Junior apresentara "Algo Está em Movimento", de Affonso Romano de Sant'Anna, a 30 de outubro de 2021. A 2 de março de 2022 leu "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", de Jorge Amado, e no dia 6 apresentou "A Máquina", de Adriana Falcão. "As Coisas", de Arnaldo Antunes, foi a proposta de 13 de março.
A 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, leu "Ser Leve Leva Tempo". A 13, Armando Liguori Junior deixou outro exemplo de talento ao ler "Pássaro Triste", do seu livro "Toda Saída É de Emergência". No dia 19, Cecília Meireles e o poema "Escolha o seu Sonho" foram as propostas. Seguiu-se um excerto de "Macunaíma", de Mário de Andrade, a 27 de maio. De 3 de junho é a proposta de leitura de "Sapatos", de Rubem Fonseca. A 4 de novembro leu "Samadhi", de Leila Guenther. De dia 24 é "Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya", de Jorge de Sena. "O Gato e o Pássaro", de Jacques Prévert", foi a leitura de 29 de novembro.
A 13 de janeiro trouxe um poema de Cristina Peri Rossi. A 5 de maio, no Especial sobre o Dia Mundial da Língua Portuguesa, aqui voltou o seu "Ser Leve Leva Tempo". A 18 de maio voltou "O Medo", de Carlos Drummond de Andrade. No dia 5 de junho apresentou "O Poeta Fernando", inserido no seu novo livro intitulado "Eu Poderia Estar Matando". A 15 de junho regressou "Algo Está em Movimento", de Affonso Romano de Sant'Anna. A 19 de junho leu "O Último Poema do Último Príncipe", de Matilde Campilho. A 28 de agosto voltou "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", de Jorge Amado. De 9 de novembro é a leitura do meu terceiro livro, "Filho da PIDE". "Diluição", de Joana M. Lopes, foi lido a 29 de novembro. Voltou a 5 de dezembro com "Escolha o seu Sonho", de Cecília Meireles. A 28 de dezembro leu "Os Invisíveis", de José Henrique Calazans. "Samadhi", de Leila Guenther, voltou a 19 de janeiro. De 29 de janeiro é o poema "Ama os teus Sonhos", de Alice Vieira. A 9 de fevereiro leu "Coisas Que Não Há Que Há", de Manuel António Pina. De 19 desse mês é uma nova leitura do meu segundo romance e terceiro livro, "Filho da PIDE". A 16 de março regressou "Os Invisíveis", de José Henrique Calazans. A 2 de abril trouxe uma outra leitura de um excerto de "Filho da PIDE", algo que se repetiu a 8 e a 24 e a 4 de maio. A 18 de junho leu "Regresso", de Manuel Alegre. De dia 6 é a leitura de um trecho da "Ode Marítima", de Álvaro de Campos.
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