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Paulo Jorge Pereira

"Autobiografia", de José Luís Peixoto

Saramago vaticinou-lhe um futuro risonho e José Luís Peixoto, que foi, em 2001, o mais jovem vencedor do prémio com o nome do escritor português ganhador do Nobel da Literatura, tem cumprido. "Autobiografia" é um surpreendente jogo de espelhos precisamente com José Saramago.



O mais recente romance assinado por José Luís Peixoto é "Autobiografia", de que aqui se apresenta um trecho, foi publicado em 2019 e é uma espécie de jogo de matrioskas que envolve Saramago e o próprio autor. O próprio José Saramago se encarregou de avaliar as qualidades de Peixoto: "Uma das revelações mais surpreendentes da literatura portuguesa. É um homem que sabe escrever e que vai ser o continuador dos grandes escritores", defendeu. E o percurso do multipremiado autor não tem defraudado essas elevadas expectativas. Muito antes dos elogios de Saramago, Peixoto nasceu na aldeia de Galveias, em Ponte de Sor, a 4 de setembro de 1974. Toda a infância e adolescência foi passada nesta zona do Alto Alentejo até ao momento em que rumou a Lisboa para os estudos superiores na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. Aqui se licenciou em Línguas e Literaturas Modernas (especialidade de Estudos Ingleses e Alemães), seguindo-se anos como professor, missão que o levou mesmo a Cabo Verde. A estreia literária aconteceu em 2000 com a publicação de "Morreste-me" e, ainda nesse ano, de "Nenhum Olhar". De 2001 é a atribuição do Prémio José Saramago, distinção que ajudou na decisão de passar a ser um profissional da escrita. Logo nesse ano estreou-se na poesia com "A Criança em Ruínas", do qual aqui se apresenta um excerto.


Quetzal Editora


Peixoto estreou-se na vida literária em 2000 com "Morreste-me" e, logo no ano seguinte, publicou poesia pela primeira vez: "A Criança em Ruínas".

Entre romance e poesia, José Luís Peixoto passou a publicar com regularidade: "Uma Casa na Escuridão", "A Casa, a Escuridão", "Antídoto", "Cemitério de Pianos", "Cal", "Gaveta de Papéis", "Livro", "Abraço". Em 2012 estende a sua influência às áreas de literatura de viagem ("Dentro do Segredo - Uma Viagem na Coreia do Norte") e infantojuvenil ("A Mãe que Chovia"). Quando torna a publicar é para o regresso aos romances com "Galveias" e "Em Teu Ventre". Em 2016, ganha o Prémio Oceanos para "Galveias", melhor livro do ano publicado em língua portuguesa no Brasil, segundo o júri "um mergulho no Portugal profundo, rural, com uma narrativa que alinha personagens emblemáticas desse universo arcaico" - fora finalista em 2009 com "Cemitério de Pianos" -, e volta a dedicar-se aos mais jovens ("Todos os Escritores do Mundo Têm a Cabeça Cheia de Piolhos") e às viagens ("O Caminho Imperfeito"). Entretanto, desenvolve colaboração como cronista no jornal "Ponto Final" de Macau.

A obra de Peixoto já fora abordada aqui em diferentes ocasiões: primeiro, pela voz de Débora Ribeiro, que trouxe "A Criança em Ruínas", a 30 de junho; a 8 de agosto, Clara Oliveira apresentou um trecho de "Cal"; a 30 de novembro, eu li um pouco de "Nenhum Olhar".

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