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Paulo Jorge Pereira

Catarina Maldonado Vasconcelos lê "O Jogo do Anjo", de Carlos Ruiz Zafón

O autor catalão Carlos Ruiz Zafón, que morreu a 19 de junho de 2020, aos 55 anos, vítima de cancro do cólon, conheceu o sucesso à escala mundial, sobretudo depois da publicação de "A Sombra do Vento". Aqui se regressa à homenagem, com a leitura de um excerto da obra "O Jogo do Anjo", feita pela jornalista Catarina Maldonado Vasconcelos.



Publicada em 2001, "A Sombra do Vento" ganhou dimensão planetária e mais de 15 milhões de exemplares da obra foram vendidos, além das diversas distinções acumuladas (de Portugal levou o Prémio Correntes d'Escritas em 2006). Foi o primeiro volume da tetralogia intitulada "Cemitério dos Livros Esquecidos", tendo o escritor ido buscar inspiração a uns depósitos de livros antigos que conheceu nos arredores de Los Angeles. Seguiram-se "O Jogo do Anjo" (2008), "O Prisioneiro do Céu" (2011) e "O Labirinto dos Espíritos" (2016).



Nascido em Barcelona a 25 de setembro de 1964, o futuro escritor estudou no colégio dos Jesuítas de Sarrià, dedicando-se à escrita logo nos tempos de adolescente - fez uma primeira tentativa de publicação junto de Francisco Porrúa, que editara "Cem Anos de Solidão", mas o seu manuscrito foi rejeitado, embora Porrúa o incentivasse a continuar. Zafón escutou o conselho e, antes de voltar a tentar, dedicou-se aos estudos (Ciências da Informação), trabalhando em agências de publicidade como Ogilvy e Tandem/BBDO. Iria ser autor de livros para jovens, tendo aliás sido por aqui que começou a publicar com a "Trilogia da Neblina" - "O Príncipe da Neblina" surgiu em 1993, seguindo-se "O Palácio da Meia-Noite" (1994) e "As Luzes de Setembro" (1995). Mais tarde, publicaria "Marina" (1999). Logo o primeiro livro foi agraciado com o Prémio Edebé dedicado a este género de literatura. Colaborador em jornais como El País e La Vanguardia, a paixão pelo cinema contribuiu para que fosse viver em Los Angeles. Mas rejeitou que houvesse adaptações cinematográficas da Tetralogia com o argumento de que "os livros estão bem como tal".

Casado com MariCarmen Bellver, conforme recorda o diário catalão La Vanguardia, tornou-se um fenómeno à escala global nas últimas duas dezenas de anos com leitores ilustres como Joschka Fischer, ministro alemão dos Negócios Estrangeiros. A sua obra, que inclui contos - "Rosa de Fogo" (2012), no qual é contada a origem do Cemitério dos Livros Esquecidos, e "Two-Minute Apocalypse" (2015) - está traduzida em dezenas de idiomas.


Tradução de Isabel Fraga/Editora D. Quixote


"Este lugar é um mistério. Um santuário. Todos os livros, todos os volumes que vês à tua frente, têm alma. A alma de quem os escreveu, a alma daqueles que os leram e viveram e sonharam com eles. De cada vez que um livro muda de mãos, de cada vez que alguém desliza o olhar pela suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se mais forte", escreveu Zafón em "O Jogo do Anjo".

Catarina Maldonado Vasconcelos foi jornalista da TSF, saiu entretanto para o Expresso e é "uma apaixonada por livros".




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