Autor de livros sobre temas de revelação espiritual que venderam milhões de cópias, o germânico Eckhart Tolle foi a escolha de Deolinda Ascensão Grilo para apresentar um excerto da sua obra mais conhecida.
Nascido em Lünen, localidade a norte de Dortmund, na Alemanha, a 16 de fevereiro de 1948, como Ulrich Leonard Tolle, iria adotar mais tarde o pseudónimo Eckhart, vivendo no seu país apenas até aos 13 anos, altura em que se mudou para Espanha, passando a morar apenas com o pai. Contaria mais tarde que a infância fora muito infeliz, uma vez que os pais não tinham boa relação, as discussões eram constantes e isso deixava o pequeno Eckhart muito entristecido. Além disso, viver num país destruído no pós-guerra aumentava os seus problemas, quer na escola, quer nos espaços que lhe faltavam para brincar por entre as ruínas e o perigo de bombas não detonadas. Aos 15 anos leu vários livros do poeta místico Joseph Anton Schneiderfranken, que também respondia pelo nome de Bô Yin Râ e sentiu-se impressionado. Quatro anos mais tarde, viajou para Londres, ensinando Alemão e Espanhol numa escola de línguas. Contudo, ansiedade, medo e depressão continuavam a abalá-lo no momento em que se inscreveu na Universidade londrina para estudar Filosofia, Psicologia e Literatura. Mais tarde recebeu uma bolsa para pós-graduação em Cambridge, mas não chegou a completar aquela fase. Haveria de admitir que passara a maior parte do tempo deprimido até aos 29 anos. E contou que, de súbito, nesse ano de 1977, despertou de mais uma noite de sofrimento e teve uma epifania que lhe alterou para sempre a vida, deixando-o apaziguado e pronto para a mudança radical que começou pelo abandono dos estudos. Depois passava grande parte do tempo em meditação nos jardins londrinos e dormia onde calhava - num mosteiro budista, em casa de amigos ou mesmo nas ruas.
Antigos alunos de Cambridge consideraram curiosa a situação e foram procurá-lo, questionando-o acerca da sua mudança, enquanto a família pensava tê-lo perdido para a loucura. O caminho, no entanto, era o oposto: Tolle foi falando sobre as novas ideias que o influenciavam e, aos poucos, tornou-se conselheiro e professor espiritual, passando a viver em Glastonbury. E a vida voltou a mudar após diversas visitas aos Estados Unidos, pois a partir de 1995 fixou-se em Vancouver, no Canadá, onde iria conhecer Kim Eng, a futura mulher. "O Poder do Agora", seu primeiro livro, relato das experiências vividas durante o processo de conhecimento interior que desenvolveu, foi publicado em 1997, mas passou quase despercebido. Só três anos mais tarde, depois de Eckhart Tolle passar pelo programa de Oprah Winfrey e de esta recomendar a obra na sua revista, esta se tornou um sucesso: chegaria a três milhões de vendas com tradução para mais de três dezenas de idiomas. Seguiram-se "Praticando o Poder Agora" e "Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência", repetindo-se com este último o sucesso do primeiro - desta vez foram 3,5 milhões os exemplares vendidos e tornou a merecer as atenções de Oprah. Apareceu no programa por diversas vezes, falando sobre os ensinamentos que ia beber em fontes como o Budismo, o Hinduísmo, o Sufismo ou a Bíblia e respondendo a questões do público.
Nunca mais deixou de ter êxito, criou um site para venda de produtos associados aos ensinamentos que transmitia, passou a dar palestras no estrangeiro. Em 2009 esteve ao lado do Dalai Lama na cimeira da paz que decorreu em Vancouver. e continuou a publicar livros: "Em Harmonia com a Natureza", "O Poder do Silêncio" e "Em Comunhão com a Vida". Nem sempre recebeu críticas positivas, mas a cantora Annie Lennox deixou uma síntese do que significava Tolle para si: "Tem uma espécie de qualidade especial que eu nunca tinha encontrado."
Pergaminho
Foi depois de passar por diversas experiências depressivas que o alemão resolveu dedicar-se ao universo do conhecimento interior.
Aos 72 anos, Eckhart Tolle continua em Vancouver, prosseguindo o trabalho no papel de mestre espiritual em termos individuais e para grupos, tanto no território europeu como nos Estados Unidos. O diário The New York Times classificou-o como "o autor espiritual mais popular nos Estados Unidos".
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