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Paulo Jorge Pereira

"El Miedo Escénico y Otras Hierbas", de Jorge Valdano

Campeão mundial em 1986 ao lado de Diego Maradona, o argentino Jorge Valdano construiu carreira com êxito em diferentes facetas. E também na escrita se transformou num fenómeno, espécie de filósofo contemporâneo na interpretação lúcida do que são o futebol e os seus principais intérpretes: os jogadores. "El Miedo Escénico y Otras Hierbas" é apenas um exemplo eloquente da sua escrita certeira e imaginativa.



É raro e, por isso, quando acontece a admiração torna-se ainda maior: quando alguém consegue sucesso como jogador de futebol, treinador, empresário, diretor desportivo ou colunista em jornais, rádios e televisões, deve ser uma personalidade especial. E esse é o caso do argentino Jorge Valdano, nascido em Las Parejas, no ano de 1955.

O jogo começou a exercer fascínio sobre o futuro campeão mundial em 1986 - e logo com um golo seu, a passe de Enrique, que recebera a bola do inevitável Maradona, o segundo no 3-2 que selou o triunfo sobre os alemães no México - logo na infância. Tornou-se um pouco mais sério quando passou a representar o Newell's Old Boys e, aos 19 anos, Jorge Valdano já estava a chegar a Espanha para jogar com a camisola do Alavés. Seguiu-se o Saragoça e, numa transferência que mudaria para sempre a sua vida, o Real Madrid. Aqui começou por ganhar como jogador (dois campeonatos e duas Taças UEFA), mas também o faria como treinador, embora em menor grau, já depois de passar por Tenerife e Valência.

Mais tarde iria tornar-se dirigente ao mesmo tempo que revelava talento inigualável para analisar o fenómeno futebolístico e os seus principais símbolos: os jogadores. Assim se tornou colunista em jornais como o diário "El País" - e na obra de que hoje se apresenta um excerto, "El Miedo Escénico y Otras Hierbas", é de algumas das melhores crónicas publicadas que se trata -, mas também se mostrou em rádios e televisões, por norma com um olhar crítico e observador. Mas nunca se esquivou a manifestar as suas avaliações sobre outras facetas da realidade quotidiana e, por exemplo, quando afirmou numa entrevista, então como técnico do Real Madrid, que "Cuba representa a dignidade encurralada", gerou-se controvérsia na sociedade espanhola. Mais tarde, questionado sobre o assunto, Valdano explicou que não mudara de opinião e sublinhou: "Pensaram que um treinador do Real Madrid não tinha o direito a expressar as suas opiniões políticas. Nessa altura, falar de Cuba era saltar o limite do politicamente correto. A frase provocou uma reação desproporcionada", resumiu no diário El Mundo.


Aguilar


Agora que estamos em pleno Europeu de futebol, vale a pena espreitar a obra de um avançado de alta qualidade que estendeu a sua influência muito para lá das quatro linhas: Jorge Valdano, campeão mundial pela Argentina em 1986.

Não faltam exemplos de obras escritas pelo argentino, sempre com o futebol como pano de fundo: "Los Cuadernos de Valdano", "Cuentos de Fútbol", "Apuntes del Balón: Anecdotas, Curiosidades y otros Pecados", "Fútbol: El Juego Infinito" ou "Los Once Poderes del Líder" são apenas alguns exemplos.


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