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Paulo Jorge Pereira

Especial Feira do Livro: Ana Zorrinho lê "A Última Ceia", de Maria do Rosário Pedreira

O Grupo Leya contratou Maria do Rosário Pedreira em 2009 para que trabalhasse com novos autores portugueses. De então para cá, a editora e escritora lançou diversos nomes seguros da Literatura em Portugal, mas já tinha carreira a publicar. E Ana Zorrinho propõe o poema "A Última Ceia", um dos que integram o livro "A Casa e o Cheiro dos Livros".



A partir de 2010, o nome de Maria do Rosário Pedreira ficou mais associado à essência do trabalho desenvolvido no Grupo Leya, designadamente a revelação de jovens autores portugueses como Ana Margarida de Carvalho, José Luís Peixoto, Nuno Camarneiro, Valter Hugo Mãe, João Tordo, João Pinto Coelho, entre outros. Três anos depois, em entrevista ao programa Ensaio Geral, da Rádio Renascença, sintetizava a sua filosofia: "É muito mais fácil fazer dinheiro com um livro de um apresentador de televisão do que com um de um escritor jovem e desconhecido, mas eu acho é que não podemos deixar de publicar o escritor jovem e desconhecido só por causa do dinheiro. Quando saíram as primeiras obras do Kafka, venderam 400 exemplares, mas hoje ainda lemos o Kafka", dizia.

Mas, para lá do seu trabalho no universo editorial, Maria do Rosário Pedreira é escritora com vasta obra publicada, englobando poesia (sem esquecer as letras de diversos fados nas vozes de Ana Moura, Carminho, Carlos do Carmo, Cristina Branco, Aldina Duarte e António Zambujo, por exemplo, tendo mesmo publicado uma antologia intitulada "Esse Fado Vaidoso"), romance, crónicas e literatura para os mais jovens. Nascida em Lisboa, a 21 de setembro de 1959, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas no ramo de Estudos Franceses e Ingleses. Na sua formação sobressai também o curso de Língua e Cultura do Instituto Italiano de Cultura, linha que acabou por conduzi-la a uma formação universitária de verão em Perugia como bolseira do governo italiano. Além disso, passou ainda quatro anos no Goethe Institut. Começou por ser professora, mas, perto do final dos anos 80, entraria no maravilhoso mundo da edição e das traduções, tornando-se autora do Clube das Chaves, em parceria com Maria Teresa Maia Gonzalez, até 1998 (em 1989, sob o pseudónimo de Maria Helena Salgado, publicara o livro de poesia "Água das Pedras"). Pelo meio publicou um romance, "Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu" (1993), mas também poesia ("A Casa e o Cheiro dos Livros", que aqui se apresenta, em 1996) e outra coleção de cariz juvenil - "Detetive Maravilhas", cujo percurso, iniciado em 1997, não deixou de prosseguir. Para os mais jovens, Maria do Rosário Pedreira escreveu ainda "A Ilha do Paraíso" (2000), "A Biblioteca do Avô" (2005), "A Minha Primeira Amália", ilustrado por João Fazenda (2012) e "Portuguesas Extraordinárias", com ilustrações de Elsa Martins (2018). No âmbito poético, "O Vento nos Ciprestes" (2001) e "Nenhum Nome Depois" (2004) surgiriam antes da edição de "Poesia Reunida" (2012). Com "O Meu Corpo Humano" (2022) recebeu o Prémio Literário Casino da Póvoa.

Coordenadora de serviços editoriais na Gradiva, assumiu a responsabilidade da Sociedade Portugal-Frankfurt 97 como diretora de publicações, editou os catálogos dos pavilhões oficiais temáticos da Expo-98 e foi redatora de publicações dedicadas ao Festival dos 100 Dias e Mergulho no Futuro, apresentadas durante a Exposição Universal em Lisboa. Diretora editorial da Temas e Debates no Grupo Bertelsmann, sairia em 2005 para assumir funções de edição na QuidNovi, papel que trocou em 2010 pela missão de editar novos autores portugueses no Grupo Leya. Casada com o também escritor e editor (na Porto Editora) Manuel Alberto Valente, dedica-se ainda a um blog pessoal que pode ser visto aqui.


Editora Gótica


Maria do Rosário Pedreira tem contribuído para revelar inúmeros escritores portugueses e, ao longo dos anos, vem construindo a sua própria obra literária.

Natural de Santiago do Cacém e licenciada em Direito, Ana Zorrinho tem uma relação de intimidade com a escrita e, além de entregar poemas da sua autoria à música, também entrou no Cancioneiro Infanto-Juvenil da língua portuguesa com poesia: "Quem canta em água tão fria....". Paixão é também o teatro, área em que tem formação, tendo colaborado com o grupo GATO SA como atriz. Além disso,

orientou, ao longo de quase uma década, o grupo teatral da Sociedade Harmonia, com jovens em papel fulcral; produziu adaptações e até guiões originais. A leitura e os jovens continuam a fazer parte do seu dia a dia, no qual é responsável por sessões e por um projeto de poesia em curtas metragens, sob o título “Silêncios”.

Deixo aqui um exemplo de outro enorme talento da escritora: a declamação. "O Último Poema" integra "Súbito", o seu livro de poesia lançado a 8 de julho, numa sessão de que é exemplo esta leitura.

"Histórias de um Tempo Só", o belo e poderoso livro de contos escrito por Ana Zorrinho e com maravilhosas ilustrações de Raquel Ventura (que também ilustrou "Lá", uma obra da escritora dirigida a crianças), foi tema central do blog a 17 de julho de 2020. Uma semana mais tarde, no dia 24, um precioso projeto com direção artística da escritora, a Oficina do Teatro, apresentou a sua leitura em conjunto de "Lágrima de Preta", inesquecível poema de António Gedeão, tão apropriado para os tempos que correm, marcados pelo recrudescimento do racismo. É caso para dizer que, com a escritora Ana Zorrinho, ficamos sempre a ganhar. A começar pela aprendizagem que nos proporciona. E, já agora, pela forma inesquecível como lê e dramatiza os textos - por exemplo, guardem bem na memória aquela última frase do trecho do livro de Mia Couto, "Venenos de Deus, Remédios do Diabo", que aqui leu a 11 de agosto de 2020.

Além de outros exemplos de leituras que aqui trouxe, a 30 de maio de 2022 leu um poema do seu conterrâneo Manuel da Fonseca. No primeiro dia de 2023, a participação foi feita com o poema "Dá-me a tua Mão por Cima das Horas", inserido n'"O Livro dos Amantes" em "Poesia Completa - O Sol das Noites e o Luar dos Dias", editado em 1999 e da autoria de Natália Correia. De 27 de fevereiro é a leitura de "Stoner", de John Williams. A 8 de maio leu um excerto da obra "A Grande Imersão", na homenagem a Luís Carmelo.

Não percam ainda a leitura de "Súbito", lançado a 8 de julho de 2023, e o trabalho de ourives que Jorge Ferreira, editor da Caleidoscópio, nos proporciona. É uma obra inesquecível, para ler muitas vezes e andar sempre connosco: no coração.


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