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Paulo Jorge Pereira

Especial Feira do Livro: Inês Henriques lê "No Jardim do Ogre", de Leïla Slimani

Tem conquistado leitores com o seu estilo desassombrado ao mesmo tempo que leva a crítica a render-se e acumula distinções. De origem marroquina, mas tendo estudado em França e agora a viver parte da sua vida em Portugal, Leïla Slimani tem falado sobre o seu trabalho literário. E, após uma primeira leitura minha em junho de 2022, aqui fica um segundo trecho da sua obra "No Jardim do Ogre", agora com a voz de Inês Henriques.



O primeiro romance, em 2014, foi precisamente "No Jardim do Ogre", que logo suscitou elogios generalizados e o Prémio Mamounia, e do qual hoje aqui apresento um novo trecho, lido por Inês Henriques, após a primeira leitura que fiz em junho de 2022; depois, "Canção Doce" foi o melhor seguimento possível, não apenas como sucessor ideal da obra de estreia, mas também na multiplicação dos tons elogiosos e no aumento formidável das audiências. Sinal mais entusiasmante: a atribuição do Prémio Goncourt (2016), o de maior prestígio no meio literário francês. Ter sido adaptado ao grande ecrã, editado em cerca de meia centena de países e escolhido como uma das obras do ano pelo New York Times Book Review fez de Leïla Slimani mais do que um acontecimento - levou a que as atenções se concentrassem na sua escrita e não só, permitindo perceber que se trata de uma empenhada defensora dos Direitos Humanos, designadamente no que diz respeito aos direitos das mulheres marroquinas.

Entretanto, perante a admiração geral, Leïla prosseguiu o seu trabalho literário, voltando-se para o seu país de origem e a vida das mulheres por lá com "O País dos Outros" e "Vejam como Dançamos", contributos para uma trilogia. "O Perfume das Flores à Noite", também já aqui apresentado, é um outro tipo de experiência em que a escritora foi convidada para passar uma noite num museu em Veneza e escrever sobre isso. O resultado final é muito mais do que a passagem das horas e aquilo que Leïla Slimani vive naquele espaço - é uma viagem pela sua própria vida e pela Cultura, convidando à leitura ávida.

Leïla nasceu na capital marroquina, Rabat, a 3 de outubro de 1981, filha de um responsável da banca que se tornou Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros entre 1977 e 1979, e de uma médica, a primeira a integrar uma especialidade em Marrocos. Estudaria em solo marroquino até viajar rumo a Paris em 1999, aqui se aplicando na área de Ciências Políticas ao mesmo tempo que manifestava atração pelo teatro, inscrevendo-se mesmo no Cours Florent com a intenção de se dedicar à comédia. Contudo, seguiria a atividade jornalística, integrando a equipa da revista Jeune Afrique até apostar na escrita literária. Em 2008 casou-se com um banqueiro e o casal tem dois filhos.

Não esquece, por outro lado, que o seu primeiro manuscrito foi recusado nas editoras a que se dirigiu e, em 2013, resolveu participar, durante dois meses, num estágio de escrita organizado pelo escritor e editor Jean-Marie Laclavetine. O seu livro de estreia seria "La Baie de Dakhla: Itinérance enchantée entre Mer et Désert".

Nas intervenções públicas gosta de recordar a sua vontade de contar histórias desde criança. Em novembro de 2017, a escritora foi indigitada pelo Presidente francês Emmanuel Macron, como representante na Organização Internacional da Francofonia. Nos últimos tempos, parte da sua vida decorre em Lisboa e as solicitações para falar em público têm sido constantes: depois de marcar presença no Teatro São Luiz, durante o festival 5L, numa conversa com Dulce Maria Cardoso moderada pela também escritora e tradutora Tânia Ganho, marcou presença na Fundação Calouste Gulbenkian, falando com Margarida Calafate Ribeiro. E voltou a lembrar a importância da arte de mentir para se construir uma Literatura verdadeira...

Leïla Slimani também tem escrito ensaios e erguido a voz em nome dos direitos das comunidades LGBT. Publicou "Sexe et Mensonges: La Vie Sexuelle au Maroc", "Paroles d'Honneur" ou "Simone Veil, Mon Héroïne".


Alfaguara/Tradução de Isabel Castro Silva


"A Literatura é o espaço da liberdade absoluta", defende Leïla Slimani. "Podemos fazer tudo, falar de tudo, abordar tudo. Não existe moral na Literatura. E, citando Georges Bataille, diria que é justamente porque existe essa liberdade absoluta que há uma espécie de exigência que também é absoluta. A Literatura pode aceitar tudo, exceto a mediocridade", acrescenta.

Inês Henriques é presença regular aqui no blog. A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a sua vida. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Aqui no blog, estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt.

A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar.

A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres.

A 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques. A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice. "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello, foi a leitura proposta no dia 4 de março. "Putas Assassinas", de Roberto Bolaño, surgiu a 10 de março. Herberto Helder e "A Menstruação Quando na Cidade Passava", do livro "Poemas "Completos", foram a leitura seguinte. No dia 19, a proposta recaiu sobre "A Noite e o Riso", de Nuno Bragança.

A 2 de abril, aqui se recuperara a sua leitura de um trecho da obra "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. No dia seguinte homenageou a falecida Lygia Fagundes Telles com um trecho da obra "A Disciplina do Amor" e a 23 aqui recuperei a sua leitura de "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. No Especial dedicado ao 25 de Abril, Inês Henriques apresentou um excerto da obra "Os Filhos da Madrugada", de Anabela Mota Ribeiro. A 5 de maio, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, propôs "Manual de Pintura e Caligrafia", de José Saramago. A 6 de junho leu "A Sangrada Família", de Sandro William Junqueira. No dia 1 de agosto, a escolha recaiu no japonês Junichiro Tanizaki com um excerto da obra "A Confissão Impudica". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". A 21 de outubro leu "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas", de Afonso Cruz. De 14 de novembro, no Especial Centenário de José Saramago, é a recuperação da sua leitura de um excerto da obra "Manual de Pintura e Caligrafia". No Especial 1.000 Leituras de dia 23, "A História de Roma", de Joana Bértholo, foi a sua escolha. No dia 28 trouxe um pouco do livro "A Carne", cuja autora é Rosa Montero. O último dia de 2022 mostrou-a a ler um trecho da obra "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar. Voltou a 10 de fevereiro e leu um pouco do livro "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar", de Flannery O'Connor. No dia 14 de fevereiro, a leitura proposta foi "Falha", de Sarah Kane. A 8 de março, no Especial sobre o Dia Internacional da Mulher, leu "Os Anos", de Annie Ernaux. E, a 21, quando aqui surgiu o Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cá esteve a ler "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Cerimónia do Adeus", de Simone de Beauvoir, foi a sua proposta de 31 de março. A 26 de abril leu um excerto de "Sopro", de Tiago Rodrigues. De 9 de maio é o regresso de "351 Tisanas", de Ana Hatherly. "Na América, Disse Jonathan", de Gonçalo M. Tavares, voltou a 26 de maio. "A Solidão dos Inconstantes", de Raquel Serejo Martins, foi a proposta de 12 de junho. Camilo Castelo Branco e o seu "Coração, Cabeça e Estômago" voltaram a 26 de junho.

A 30 de junho leu "Garden Party", de Katherine Mansfield. A 5 de julho voltou "Sobre o Amor", de Charles Bukowski. "Karen", de Ana Teresa Pereira, é de 28 de julho. A 7 de agosto chegou "Um Crime Delicado", de Sérgio Sant'Anna. "Neverness", uma vez mais de Ana Teresa Pereira, foi a sugestão de 20 de agosto. Maria Gabriela Llansol foi a autora selecionada para as leituras seguintes: "Cantileno", a 25 de agosto (e que hoje volta), e "O Sonho é um Grande Escritor", a 1 de setembro. "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice, voltou a 8 de setembro. De 13 de setembro é a sua homenagem no centenário de Natália Correia com a "Poesia Reunida". "A Casa do Incesto", de Anaïs Nin, foi a leitura de 2 de outubro. A 16 de outubro trouxe uma primeira leitura da obra de Ana Cássia Rebelo com "Babilónia". A segunda apresentou um trecho da obra "Ana de Amsterdam", no dia 23. De 6 de novembro é a leitura de um trecho de "Dano e Virtude", cuja autora é Ivone Mendes da Silva. A 24 leu "Todos os Dias uma Carta", de Maria Gabriela Llansol. De 9 de dezembro é a sua leitura de um trecho do meu segundo romance, intitulado "Filho da PIDE". A 26 de dezembro trouxe "Desassossego das Crónicas", de Duarte Baião.

De 18 de janeiro é o regresso de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. A 2 de fevereiro voltou "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Os Anos", de Annie Ernaux, foi a leitura que voltou a 14 de fevereiro. De 24 de fevereiro é a recuperação de "Filho da PIDE". A 1 de março trouxe "No Jardim do Ogre", de Leïla Slimani. O Especial de dia 17 homenageou o poeta Nuno Júdice com "Pedro Lembrando Inês". A 21 de março, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, voltou "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Pessoa Deslocada", de Flannery O'Connor, foi de novo leitura a 9 de março. "As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães", de Ana Teresa Pereira, veio a 5 de abril. "Cantileno", de Maria Gabriela Llansol, foi a leitura a 9 de abril. A 23 de abril, no Especial dedicado ao Dia Mundial do Livro, leu "Manifestos", de Almada Negreiros. A 30 de abril trouxe "A Identidade", de Milan Kundera. A 8 de maio voltou "Desassossego das Crónicas", de Duarte Baião. "Babilónia", de Ana Cássia Rebelo, foi o regresso promovido a 21 de maio. A 29 de maio, primeiro dia da Feira do Livro que hoje termina, voltou "A Solidão dos Inconstantes", de Raquel Serejo Martins.

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