Era professora universitária em Lille e tinha 27 anos quando se estreou com "Truismes" (1996) que, em português, se tornou "Estranhos Perfumes". O sucesso foi de tal forma vertiginoso que a autora deixou a profissão e dedicou-se a tempo inteiro à escrita. Nunca mais parou, mas enfrentou diversos focos de controvérsia.
Num ápice, mais de 200 mil exemplares da primeira obra e dezenas de traduções transformaram a doutorada em Literatura e psicanalista numa estrela. De tal forma que o livro foi nomeado para o Gouncourt e até Jean-Luc Godard admitiu adaptá-lo ao cinema. No entanto, o projeto acabou por ficar na gaveta. Mas Darrieusecq continuou a escrever, não se limitando aos romances - teatro, biografia e literatura infantil também fazem parte do seu universo. Só que, logo em 1998, ao publicar "Naissance des Fantômes", foi acusada pela própria de plágio ou demasiada proximidade de obras da escritora Marie NDiaye. A situação acabou ultrapassada, mas, em 2007, pouco depois de publicar "Tom est Mort", foi acusada de "plágio e pirataria" por Camille Laurens, algo que levou o editor de ambas, Paul Otchakovsky-Laurens, a desmentir tudo e a defender Darrieusecq no "Le Monde", afastando Laurens da editora. Desde então, o trabalho de Marie Darrieusecq tem progredido, recebeu prémios e várias das suas obras foram adaptadas a peças de teatro.
Tradução de Miguel Serras Pereira (Edições ASA/Coleção Pequenos Prazeres)
"Sei a que ponto esta história poderá semear a perturbação e a angústia. Desconfio que o editor que aceitar publicar este manuscrito se exporá a aborrecimentos infinitos. Não lhe será decerto poupada a prisão, e quero desde já pedir-lhe que me perdoe o incómodo": assim arranca o romance de Darrieusecq.
Distopia numa Paris do futuro, "Estranhos Perfumes" materializa uma metamorfose e está recheado de ironia amarga e crítica à sociedade moderna, designadamente quanto à opressão de que são vítimas as mulheres.
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