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Paulo Jorge Pereira

Fernanda Silva lê "A Vida Sonhada das Boas Esposas", de Possidónio Cachapa

"A Vida Sonhada das Boas Esposas" é o mais recente romance de Possidónio Cachapa, um livro em que, conforme admitiu em entrevista, "há um bálsamo sobre os que sofrem, há um gesto de piedade".



Tendo nascido e crescido em Évora, Possidónio Cachapa seguiu mais tarde para os Açores, aqui acumulando experiências que lhe serviriam para abordar a escrita do romance "O Mar por Cima" (2002). Este não fora o trabalho de estreia, mas sim "O Nylon da Minha Aldeia" (1997), novela que teria direito a adaptação cinematográfica em 2012, numa curta-metragem realizada pelo próprio Cachapa. Voltou a mudar de local de residência, passando a viver no estrangeiro (Suíça) e escreveu outro livro, "Materna Doçura" (1998), com o qual chegou mesmo a finalista do Prémio Saramago. No ano imediato escreve "Viagem ao Coração dos Pássaros" que terá versão revista em 2015. De 2001 é "Shalom", primeira incursão do autor no mundo do teatro e, após o já referido "O Mar por Cima", publica os contos de "Segura-te ao meu Peito em Chamas" (2004). Crónicas são o género da obra seguinte, publicada em 2005 sob o título "O Meu Querido Titanic". "Rio da Glória" é de 2007, tal como a publicação de um livro para crianças, "Quero ir à Praia". Professor no Departamento de Ciências e Artes dos Media na Universidade Lusófona, o escritor é também doutorando em Ciências da Comunicação naquela instituição.

Mas, como já se percebeu, nem só de escrever romances e contos se faz a vida de Possidónio Cachapa, uma vez que acumula essa tarefa com as de argumentista e realizador. Em 2009 realiza "Adeus à Brisa", um documentário dedicado à vida e trabalho de Urbano Tavares Rodrigues. Esse é também o ano de edição de "O Mundo Branco do Rapaz Coelho", antes da curta-metragem "O Nylon da Minha Aldeia" (2012) e de outra película, "Amélia", de 2013. Não perde de vista os projetos da escrita e regressa em 2016 com o romance "Eu Sou a Árvore". "A Vida Sonhada das Boas Esposas" foi publicado no ano passado. Em entrevista à revista Máxima em março, o autor falou um pouco sobre o processo de o escrever: "Afastei-me do país, fui um tempo para a Indonésia. Tentei uma bolsa, mas não consegui. Depois, falei com o diretor da Faculdade, Manuel José Damásio, perguntei-lhe 'Queres um escritor que dê aulas?' e ele foi maravilhoso. Mostrou um espírito aberto, incomum, deu-me tempo para trabalhar o livro", contou.


Companhia das Letras

"Via-se como uma pessoa sem sorte em nada, muito longe do destino confortável desta amiga que tinha levado a enterrar um homem sem defeitos. Nem na morte dera trabalho. Um aperto no coração, um telefonema para o 112 e fora-se", lê-se no livro "A Vida Sonhada das Boas Esposas".

Fernanda Silva participa pela segunda vez com uma leitura aqui no blog, depois da estreia no passado dia 28 de abril com "O Universo num Grão de Areia", de Mia Couto.

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