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Paulo Jorge Pereira

Fernanda Silva lê "Os Memoráveis", de Lídia Jorge

O 25 de Abril de 1974 visto 30 anos mais tarde por alguns dos que participaram e testemunharam a Revolução, numa ficção intitulada "Os Memoráveis", de Lídia Jorge, é a proposta de Fernanda Silva para hoje.



Desde 1980 que os livros de Lídia Jorge recolhem galardões. E quando se diz que ganha prémios desde esse ano é importante sublinhar que o conseguiu logo com o primeiro livro, "O Dia dos Prodígios". Nascida na localidade algarvia de Boliqueime, a 18 de junho de 1946, o seu talento literário conduz-lhe a mão por diferentes geografias da escrita e o seu percurso não é feito apenas de romances, pois também tem escalas nos contos, ensaios, teatro, literatura infantil, crónicas e poesia. Mas antes de tudo isto esteve a sua licenciatura em Filologia Românica na Universidade de Lisboa. Seguiram-se anos como professora em Angola e Moçambique, na parte final do conflito ultramarino. De regresso a Lisboa, permaneceu como professora do ensino secundário até meados dos anos 80, altura em que já tinha obra publicada: depois do livro "O Dia dos Prodígios" apresentou "O Cais das Merendas" (1982), "Notícia da Cidade Silvestre" (1984) e "A Costa dos Murmúrios" (1988), este adaptado ao cinema em 2004 pela realizadora Margarida Cardoso. No ano de 2008, em entrevista ao programa Câmara Clara, de Paula Moura Pinheiro,

Quatro anos depois do sucesso desta última obra, Lídia Jorge publicou "A Última Dona" (1992), "O Jardim sem Limites" (1995) e "O Vale da Paixão", mas já aproveitava para dispersar a sua capacidade imaginativa noutros registos: de 1992 são "A Instrumentalina" e "O Conto do Nadador". Além disso, em 1991 integrou a Alta Autoridade para a Comunicação Social, substituindo Agustina Bessa-Luís que, entretanto, fora para o Teatro Nacional D. Maria II.

Prosseguia a escrita e ia acumulando distinções, conforme sucedeu com o multipremiado "O Vale da Paixão" (1998), um ano depois de "Marido e Outros Contos". "O Vento Assobiando nos Andaimes", de 2002, conquistou o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d'Escritas. Voltou aos contos com "O Belo Adormecido" (2004), seguindo-se, no mesmo ano de 2007, o romance "Combateremos a Sombra" e a estreia na literatura para os mais jovens com "O Grande Voo do Pardal". De ensaio se faz "Contrato Sentimental" (2009), antes de nova incursão no texto infantil com "Romance do Grande Gatão" (2010) e o romance "A Noite das Mulheres Cantoras" (2011).

Continuou a oscilar entre géneros com grande à-vontade: romance com "Os Memoráveis" (2014), de que aqui se lê um excerto, contos materializados em "O Organista" (ainda em 2014) e no livro "O Amor em Lobito Bay" (2016) e ainda teatro em "Instruções para Voar", também no ano de 2016 (a estreia neste género registara-se em 1997 com "A Maçon"). Mais recentes são o romance "Estuário" e outro exemplo de literatura infantil, "O Conto da Isabelinha - Lilibeth's Tale", ambos de 2018, a poesia com "O Livro das Tréguas" (2019) e, por fim, já este ano, transformadas no livro "Em Todos os Sentidos", as crónicas que leu na Antena 2.


Editora D. Quixote/Leya


Para lá dos prémios literários, Lídia Jorge foi ainda agraciada por governantes em Portugal e em França.

Fernanda Silva tem participação regular aqui no blog. Tudo começou com "O Universo num Grão de Areia", de Mia Couto, a 28 de abril, seguindo-se "A Vida Sonhada das Boas Esposas", de Possidónio Cachapa (11 de maio), "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo (8 de junho), "Bom Dia, Camaradas", de Ondjaki (27 de junho), "Quem me Dera Ser Onda", de Manuel Rui (5 de julho), e "O Sol e o Menino dos Pés Frios" (16 de julho), de Matilde Rosa Araújo. No passado dia 8 de outubro voltou com "O Tecido de Outono", de António Alçada Baptista e, a 27, leu "Histórias que me Contaste Tu", de Manuel António Pina, seguindo-se "Imagias", de Ana Luísa Amaral, a 12 de novembro.

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