O angolano Manuel Rui até estudou Direito em Portugal e chegou a exercer advocacia, mas foi a escrita que acabou por lhe conferir maior notoriedade, sendo mesmo o autor da letra do hino do seu país. "Quem me Dera Ser Onda", escolhido hoje por Fernanda Silva, é uma das suas obras com mais sucesso.
Contos, poesia, romances, literatura infantil, peças de teatro: há poucos territórios da escrita que escapem ao angolano Manuel Rui, nascido no Huambo a 4 de novembro de 1941. Em Coimbra viveu na Kimbo dos Sobas (espaço em que só residiam angolanos), estudou Direito, aqui se licenciou em 1969, além de se cruzar com Ruy Mingas, músico, atleta, futuro ministro dos Desportos e embaixador de Angola em Lisboa. Iria exercer advocacia durante alguns anos, mas as Letras logo começaram a atraí-lo - fez parte da revista Vértice, integrou a Centelha Editora (e aqui publicou "A Onda" em 1973, seis anos depois da estreia com "Poesia Sem Notícias") e cooperou com o Centro de Estudos Literários da Associação Académica. Após a Revolução dos Cravos, voltou para Angola, escreveu a letra do hino do país, bem como a versão angolana da Internacional. Reitor na Universidade de Nova Lisboa, depois rebatizada com o nome de José Eduardo dos Santos, desempenhou o cargo de ministro da Informação no Executivo de transição resultante dos Acordos de Alvor. Além disso, representou Angola na Organização da Unidade Africana (mais tarde, União Africana) e também na ONU. Por outro lado, dirigiu ainda a Faculdade de Letras do Lubango e o Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla.
Entre meados dos anos 70 e 80 foi publicando diversos livros de poesia, contos, literatura infantil e romances. De 1993 é "1 Morto & Os Vivos" que teve adaptação a série sob o nome de "O Comba" na Televisão Pública de Angola. Para teatro escrevera "O Espantalho" (1973) e "Meninos de Huambo" (1985). "O Kaputo Camionista e Eusébio" é a sua obra mais recente, tendo sido publicada em fevereiro de 2017.
Editorial Caminho
Manuel Rui ajudou a criar e integrou a União dos Artistas e Compositores Angolanos, a União dos Escritores Angolanos e ainda a Sociedade de Autores Angolanos.
Fernanda Silva tem presença regular aqui no blog: estreou-se com "O Universo num Grão de Areia", de Mia Couto, a 28 de abril, seguindo-se "A Vida Sonhada das Boas Esposas", de Possidónio Cachapa (11 de maio), "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo (8 de junho), e "Bom Dia, Camaradas", de Ondjaki, no passado dia 27.
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