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Paulo Jorge Pereira

Inês Henriques lê "Crónicas do Desassossego", de Duarte Baião

Hoje há dois regressos aqui ao blog: o de Inês Henriques e o do recente "Crónicas do Desassossego", escrito por Duarte Baião. "Se Calhar o Amor É Isto" é a crónica que pode "ouver-se".



Duarte Baião nasceu a 8 de maio de 1974 em Moçambique mas é lisboeta desde os dois meses. Trabalhou como jornalista nos jornais A Bola, 24 Horas e Diário de Notícias. Na primeira etapa, estivemos juntos numa redação hoje irrepetível por circunstâncias variadas, a primeira das quais as terríveis mudanças que a máquina trituradora da comunicação sofreu nos últimos anos. Agora a sua atividade situa-se numa empresa do ramo das tecnologias de informação. Mas o prazer e a necessidade de escrever não se perderam, pelo que foi passando para o papel uma série de impressões quotidianas no estilo que lhe é peculiar: apaixonado e apaixonante, atento, acutilante, com apurado sentido de humor e um olhar diferente sobre grandezas e misérias do ser humano. Não há qualquer desejo de sofisticação ou falsa demonstração de intelectualidade no que escreve - passear pela sua prosa é uma delícia de simplicidade e lucidez, de cheiros e sabores, uma experiência com os cinco sentidos bem despertos em que o leitor caminha guiado pela imaginação do autor, desaguando em finais nem sempre felizes. Porque a vida não se faz só de felicidade, aqui estão também angústias e desilusões várias. E, acima de tudo, textos em que, na voz de um adulto, com a maturidade bem assente, parece que voltamos a ouvir o poema de O'Neill e, "como um adolescente", alguém "tropeça de ternura".

Duarte Baião começou por ser referido aqui a 18 de maio do ano passado quando li a crónica que abre precisamente o seu livro de estreia e tem por título "Não Sei se Sabes ao que me Sabes". Mais tarde, ele próprio nos mostrou como era excelente "ouver" a sua leitura de um poema inesquecível de Pablo Neruda: o Poema 14, inserido na obra "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada". "Memória de Elefante", de António Lobo Antunes", foi a sua proposta de dia 13.

No dia 6 de junho apresentei a leitura de um dos textos que integram o seu livro "Crónicas do Desassossego", ao qual voltamos hoje e voltaremos noutras ocasiões. Aliás, o próprio autor leu uma das crónicas no dia 16, "Não É Um Texto, É Um Textinho". Depois de Beatriz Baião, irmã gémea do autor, aqui apresentar uma outra crónica, "A Loucura que se me Pega", no dia 24, também Joana Barros deixou uma leitura, a 27 de junho. Eu apresentei outra leitura a 9 de julho.

Entretanto, a sua coleção de crónicas já resultou num manuscrito com mais de uma centena de páginas e só faltava uma editora para que se transformasse num livro que terá leituras ávidas. Desde dia 5 de junho, esse livro está à venda - chama-se "Crónicas do Desassossego", escrever o prefácio foi uma honra, estar ao lado do Duarte Baião na apresentação do seu primeiro livro um privilégio que não esquecerei. Que venham o segundo, o terceiro, o quarto e assim sucessivamente...


Cordel D' Prata


Porque nenhuma vida se constrói apenas com felicidade, aqui estão também angústias e desilusões variadas.

A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres.


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