Uma das novas vozes da Literatura lusófona volta a marcar presença com um excerto de mais uma obra, neste caso sob patrocínio da presença e voz de Inês Henriques: o autor é Afonso Cruz, o livro em causa chama-se "Flores".
Não faltam a Afonso Cruz recursos para se movimentar com à-vontade em diversos tabuleiros, seja o da escrita ou o do cinema, mas também os da música e da ilustração. E qualquer destas facetas pode evidenciar-se em diferentes momentos, seja o guitarrista que aprendeu a tocar sozinho depois de comprar uma guitarra aos 18 anos e tem uma banda de blues (The Soaked Lamb, aqui em ação), o ilustrador de livros para crianças e não só, o cineasta de filmes de animação ou o escritor que acumulou leituras, passou a escrever num blog, foi convidado a trabalhar em publicidade e iria dedicar-se mais à escrita.
O autor nasceu na Figueira da Foz em julho de 1971, os seus estudos passaram pela Escola António Arroio, mas também por Belas Artes, em Lisboa, e ainda pelo Instituto de Artes Plásticas no Funchal. Mia Couto chamou-lhe "uma das vozes mais criativas da nova literatura em língua portuguesa". E acertou em cheio. Afonso Cruz deixou Lisboa há mais de dez anos para se radicar num monte alentejano. Mas volta muitas vezes à capital, quanto mais não seja por causa das viagens, sobretudo para ações de promoção dos seus livros, que lhe tomam cerca de metade do ano.
Com uma obra multipremiada e multifacetada, escreveu mais de três dezenas de livros, distribuídos por romance, poesia, conto, teatro, ensaio e não-ficção, estreando-se nos romances em 2008 com "A Carne de Deus". Outros exemplos da sua escrita: "Os Livros que Devoraram o Meu Pai", "A Boneca de Kokoschka", "A Contradição Humana", "O Pintor Debaixo do Lava-Loiças", "Jesus Cristo Bebia Cerveja", "O Livro do Ano", "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas", "Vamos Comprar um Poeta", "Nem Todas as Baleias Voam", "Jalan, Jalan", "Princípio de Karenina", "Como Cozinhar uma Criança", "O Macaco Bêbedo foi à Ópera" e "Paz Traz Paz".
Desde 2009 publica, uma vez por ano, um volume daquilo a que chama Enciclopédia da Estória Universal. Ilustrou mais de três dezenas de obras, além de participar com ilustrações suas em diversos periódicos. Também o seu trabalho de realizador se espraiou por diferentes registos, não escapando a diversas distinções.
A 21 de maio do ano passado, então pela voz de João Borges de Oliveira, "Jesus Cristo Bebia Cerveja", de Afonso Cruz, já tivera uma primeira leitura aqui no blog. A mesma obra teve direito a uma segunda leitura, na altura pela voz de Zita Pinto, a 26 de agosto. A 23 de dezembro, Sandra Escudeiro trouxe "O Pintor Debaixo do Lava-Louças". No dia 30 de abril, Rita França Ferreira apresentou a primeira leitura do livro que regressou comigo a ler a 7 de junho: "O Vício dos Livros". A terceira leitura de "Jesus Cristo Bebia Cerveja" foi apresentada a 11 de junho por Agostinho Costa Sousa. "A Boneca de Kokoschka" chegou aqui no passado dia 19 de julho. A 27 regressou "O Vício dos Livros".
Companhia dos Livros
Mia Couto chamou a Afonso Cruz "uma das vozes mais criativas da nova literatura em língua portuguesa".
A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. No passado dia 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco.
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