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Paulo Jorge Pereira

Inês Henriques lê "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello

Updated: Mar 10, 2022

O famoso dramaturgo, poeta e romancista Luigi Pirandello, membro do Partido Fascista de Mussolini que seria distinguido com o Nobel da Literatura em 1934, e a leitura de um trecho da obra "Um, Ninguém e Cem Mil" são as propostas apresentadas hoje por Inês Henriques.



Nem só de teatro se alimentou o trabalho literário do italiano Luigi Pirandello, nascido na cidade siciliana de Girgenti, a 28 de junho de 1867, pois também se dedicou a romances, contos e poemas. Filho de um casal com posses (Stefano e Caterina), Pirandello escolheu Roma (depois de primeiras matrículas em Palermo) e Bona (após expulsão por entrar em choque com um docente) para cenários dos seus estudos na área de Filologia ao mesmo tempo que se apaixonava por uma prima (Lina) e chegava a estar próximo de com ela se casar.

Ugo Fleres, Giustino Ferri, Tomaso Gnoli ou Luigi Capuana, todos autores que misturavam a arte da escrita ficcional com os domínios do jornalismo, integraram o seu grupo de amigos, daqui resultando a sua aposta no trabalho literário e a conclusão de "Marta Ajala" (1893), publicado em 1901 com o título de "L'Esclusa" e primeira obra com algum êxito. "Amori senza Amori", estreia no universo dos contos, é de 1894 e também o seu casamento não com a prima Lina, mas com Maria Antonietta Portulano. O casal teria dois filhos (Stefano e Fausto) e uma filha (Rosalia "Lietta"), enquanto Pirandello mantinha a atividade literária e ligações ao jornalismo. Seguiu-se a entrada no Istituto Superiore di Magistero di Roma, desempenhando o papel de docente de Italiano, a publicação de mais livros e a criação do semanário intitulado Ariel.

A transição para o século XX encontra-o numa febril atividade de escrita e publicação, mas os problemas na mina do pai causaram forte abalo familiar, deixando a mulher de Pirandello com sérios problemas de foro mental. Este reagiu com enorme dificuldade, empenhou-se a trabalhar ainda mais e, no começo da I Guerra Mundial, sofreria com a prisão a que o filho mais velho (Stefano) seria submetido. Voltou a publicar intensamente após os quatro anos do conflito armado e, em 1919, decidiu internar a mulher no sanatório de onde esta já não sairia. "Seis Personagens à Procura de um Autor" seria um insucesso em Itália, mas ganharia dimensão no plano internacional. Em 1924, Pirandello aderiu ao Partido Nacional Fascista de Mussolini, assumiu domínio no mundo teatral e teve mesmo oportunidade de realizar uma digressão mundial com passagem por inúmeras capitais. Publicaria em fascículos o romance "Um, Ninguém e Cem Mil" entre 1925 e 1926, enquanto o Nobel da Literatura, cuja medalha aceitou ceder para fusão que apoiasse a campanha militar italiana em território da Abissínia, chegaria em 1934. Não deixou de empenhar-se no trabalho e estava precisamente a participar na adaptação para cinema do romance "O Falecido Mattia Pascal" quando morreu, a 10 de dezembro de 1936.

Da vasta obra, com maior dimensão na área da dramaturgia, há um conjunto com tradução em português: "A Armadilha"; "A Excluída"; "A Luz da Outra Casa: novelas escolhidas"; "A Morta e a Viva (E outras novelas)"; "Cadernos de Serafino Gubbio Operador"; "Dona Mimma (Novelas para um ano)"; "Entre Duas Sombras (e outras novelas)"; "Esta Noite Improvisa-se"; "Kaos e Outros Contos Sicilianos"; "O Enxerto, o Homem, a Besta e a Virtude"; "O Falecido Mattia Pascal"; "Seis Personagens à Procura de um Autor"; "O Humorismo"; "O Marido da Minha Mulher (e outras novelas)"; "O Velho Deus (Novelas para um ano)"; "O Velório (e outras novelas)"; "Os Gigantes da Montanha"; "Os Velhos e os Jovens"; "Sol e Sombra (e outras novelas)"; "Henrique IV"; "Um, Nenhum e Cem Mil" (de que hoje é apresentado aqui um excerto por Inês Henriques); "Uma Jornada (Novelas para um ano)"; "Vestir os Nus" e "O Turno".


Nova Alexandria/Tradução de Francisco Degani


Pirandello estava ocupado com a adaptação cinematográfica do seu livro "O Falecido Matias Pascal" quando morreu, a 10 de dezembro de 1936.

A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia.

A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. No passado dia 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques. A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice.

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