Hoje, às 20h00, na Festa do Livro, em Santiago do Cacém e com moderação de Ana Zorrinho, estarei com "Filho da PIDE", o meu terceiro livro, o segundo que assume a forma de romance, para um exercício de memória em tempos tão conturbados. A obra, que já está em segunda edição, foi lançada ao final da tarde de 9 de novembro, no magnífico espaço da Boutique da Cultura, numa sessão inequecível que contou com as participações de Irene Flunser Pimentel, Luís Farinha, a já referida Ana Zorrinho e A Garota Não. Aqui relembro que Inês Henriques me concedeu a honra de uma bela leitura, depois de outra trazida por Armando Liguori Junior nesse dia 9.
Em janeiro de 1974, uma criança vai viver para Paris com um tio. Quase 50 anos mais tarde, é precisamente o tio quem lhe diz que os pais estão vivos e a mãe, doente com cancro, foi agente da PIDE. O que se segue é uma viagem a um passado tenebroso, marcado pela violência e pela crueldade criminosa da ditadura, mas também por ameaças e traços de ódio bem vivos no presente.
O livro, um exercício de memória fundamental sobre tempos que alguns procuram branquear, começou a ser escrito há seis anos. A ação decorre entre 1967 e 2017 e conduziu-me a um processo de pesquisa em várias frentes: da Torre do Tombo ao Museu do Aljube (sobretudo com recurso a um projeto intitulado Vidas Prisionáveis, onde mulheres e homens, presos e vítimas de tortura por parte da PIDE, relatam a galeria de horrores a que foram submetidos), passando pelo Gabinete de Estudos Olissiponenses, o Arquivo do Patriarcado, a Hemeroteca, a Cinemateca Digital e vários livros dedicados à ditadura e à PIDE, em especial os de Irene Flunser Pimentel.
Tratando-se de uma obra de ficção, na qual as personagens, tal como ali surgem, não tiveram existência real, são diversos os momentos em que a realidade supera a ficção. As histórias cruzam-se em percursos que vão ter momentos de amor e ódio, esperança e saudade, solidão e fraternidade. Até se chegar a um final inesperado e que comporta diferentes surpresas.
Na apresentação de 9 de novembro, além de Irene Flunser Pimentel, Prémio Pessoa em 2007, investigadora que muito tem estudado e escrito sobre a PIDE e a ditadura, mas também acerca do Holocausto, esteve Luís Farinha, ex-diretor do Museu do Aljube e também ele historiador e professor doutorado em História Política e Institucional do Século XX.
E a sessão não fechou sem a participação da maravilhosa Garota Não, cujo talento invulgar tem aquecido os corações a públicos variados pelo país fora e tem sido distinguido com prémios e casas cheias. Foi um final de tarde/início de noite memorável, muito belo e que aqueceu todos os corações presentes.
Depois já passou por Coimbra, com o Luís Gonçalves; pelo Porto, com o Germano Almeida; por Alcântara, com o Luís Farinha; pela Póvoa de Santa Iria, com o Duarte Baião; por Elvas, com a Professora Teresa Guerreiro; por Setúbal, com a Ana Zorrinho; pela Fundação José Saramago, com a Sofia Branco e a Ana Zorrinho; por Santiago do Cacém e Sines com a Ana Zorrinho; pela Biblioteca do Palácio Galveias com a jornalista Maria João Costa, pela Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa com o escritor Ricardo Correia. Hoje, de novo com a Ana Zorrinho, é a vez da Festa do Livro em Santiago do Cacém.
Oro/Caleidoscópio
"Filho da PIDE" é um exercício de memória que nos relembra da crueldade a que tantos foram submetidos ao longo de 48 anos de ditadura.
Inês Henriques é presença regular aqui no blog. A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a sua vida. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franaceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Aqui no blog, estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt.
A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar.
A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres.
A 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques. A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice. "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello, foi a leitura proposta no dia 4 de março. "Putas Assassinas", de Roberto Bolaño, surgiu a 10 de março. Herberto Helder e "A Menstruação Quando na Cidade Passava", do livro "Poemas "Completos", foram a leitura seguinte. No dia 19, a proposta recaiu sobre "A Noite e o Riso", de Nuno Bragança.
A 2 de abril, aqui se recuperara a sua leitura de um trecho da obra "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. No dia seguinte homenageou a falecida Lygia Fagundes Telles com um trecho da obra "A Disciplina do Amor" e a 23 aqui recuperei a sua leitura de "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. No Especial dedicado ao 25 de Abril, Inês Henriques apresentou um excerto da obra "Os Filhos da Madrugada", de Anabela Mota Ribeiro. A 5 de maio, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, propôs "Manual de Pintura e Caligrafia", de José Saramago. A 6 de junho leu "A Sangrada Família", de Sandro William Junqueira. No dia 1 de agosto, a escolha recaiu no japonês Junichiro Tanizaki com um excerto da obra "A Confissão Impudica". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". A 21 de outubro leu "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas", de Afonso Cruz. De 14 de novembro, no Especial Centenário de José Saramago, é a recuperação da sua leitura de um excerto da obra "Manual de Pintura e Caligrafia". No Especial 1.000 Leituras de dia 23, "A História de Roma", de Joana Bértholo, foi a sua escolha. No dia 28 trouxe um pouco do livro "A Carne", cuja autora é Rosa Montero. O último dia de 2022 mostrou-a a ler um trecho da obra "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar. Voltou a 10 de fevereiro e leu um pouco do livro "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar", de Flannery O'Connor. No dia 14 de fevereiro, a leitura proposta foi "Falha", de Sarah Kane. A 8 de março, no Especial sobre o Dia Internacional da Mulher, leu "Os Anos", de Annie Ernaux. E, a 21, quando aqui surgiu o Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cá esteve a ler "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Cerimónia do Adeus", de Simone de Beauvoir, foi a sua proposta de 31 de março. A 26 de abril leu um excerto de "Sopro", de Tiago Rodrigues. De 9 de maio é o regresso de "351 Tisanas", de Ana Hatherly. "Na América, Disse Jonathan", de Gonçalo M. Tavares, voltou a 26 de maio. "A Solidão dos Inconstantes", de Raquel Serejo Martins, foi a proposta de 12 de junho. Camilo Castelo Branco e o seu "Coração, Cabeça e Estômago" voltaram a 26 de junho.
A 30 de junho leu "Garden Party", de Katherine Mansfield. A 5 de julho voltou "Sobre o Amor", de Charles Bukowski. "Karen", de Ana Teresa Pereira, é de 28 de julho. A 7 de agosto chegou "Um Crime Delicado", de Sérgio Sant'Anna. "Neverness", uma vez mais de Ana Teresa Pereira, foi a sugestão de 20 de agosto. Maria Gabriela Llansol foi a autora selecionada para as leituras seguintes: "Cantileno", a 25 de agosto, e "O Sonho é um Grande Escritor", a 1 de setembro. "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice, voltou a 8 de setembro. De 13 de setembro é a sua homenagem no centenário de Natália Correia com a "Poesia Reunida". "A Casa do Incesto", de Anaïs Nin, foi a leitura de 2 de outubro. A 16 de outubro trouxe uma primeira leitura da obra de Ana Cássia Rebelo com "Babilónia". A segunda apresentou um trecho da obra "Ana de Amsterdam", no dia 23. De 6 de novembro é a leitura de um trecho de "Dano e Virtude", cuja autora é Ivone Mendes da Silva. A 24 leu "Todos os Dias uma Carta", de Maria Gabriela Llansol. De 9 de dezembro é a sua leitura de um trecho do meu segundo romance, intitulado "Filho da PIDE". A 26 de dezembro trouxe "Desassossego das Crónicas", de Duarte Baião. De 18 de janeiro é o regresso de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. A 2 de fevereiro voltou "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Os Anos", de Annie Ernaux, foi a leitura que voltou a 14 de fevereiro. De 24 de fevereiro é a recuperação de "Filho da PIDE". A 1 de março trouxe "No Jardim do Ogre", de Leïla Slimani. O Especial de dia 17 homenageou o poeta Nuno Júdice com "Pedro Lembrando Inês". A 21 de março, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, voltou "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral.
"A Pessoa Deslocada", de Flannery O'Connor, foi de novo leitura a 9 de março. "As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães", de Ana Teresa Pereira, veio a 5 de abril. "Cantileno", de Maria Gabriela Llansol, foi a leitura a 9 de abril. A 23 de abril, no Especial dedicado ao Dia Mundial do Livro, leu "Manifestos", de Almada Negreiros. A 30 de abril trouxe "A Identidade", de Milan Kundera. A 8 de maio voltou "Desassossego das Crónicas", de Duarte Baião. "Babilónia", de Ana Cássia Rebelo, foi o regresso promovido a 21 de maio. A 29 de maio, primeiro dia da Feira do Livro que terminou no domingo, voltou "A Solidão dos Inconstantes", de Raquel Serejo Martins. Precisamente de domingo é o regresso da leitura da obra "No Jardim do Ogre", de Leïla Slimani.
Comments