Vencedor do Prémio Pessoa em 2019 e atual diretor do Festival de Avignon, Tiago Rodrigues e a sua peça "Sopro" são as propostas de hoje apresentadas pela leitura de Inês Henriques.
Agora é o diretor artístico do Festival de Avignon, cujo início remonta a 1947. Mas Tiago Rodrigues, nascido em 1977 na Amadora, tem um longo percurso feito de trabalho e talento até chegar a esse ponto de ser o primeiro não francófono a desempenhar aquela tarefa, sucedendo no cargo a Olivier Py. Ator, encenador, produtor, escritor de peças, programador, Mundo Perfeito, a sua companhia, foi a primeira a dispor da inspiração que coloca na escrita. Antes, porém, recebeu influências do pai (jornalista) e da mãe (médica), tendo mesmo publicado um primeiro texto quando era apenas um adolescente, então no suplemento DN Jovem.
Seria jornalista na sua cidade, estudante na Escola Superior de Teatro e Cinema, ator com experiências variadas - dos belgas da tg STAN aos Artistas Unidos, passando ainda pelo SubUrbe. E ainda criador para televisão, colaborador das Produções Fictícias, cronista em jornais.
Segue-se o desempenho como professor: em Bruxelas, como convidado pela direção da coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker, na Escola de Dança Contemporânea PARTS; na Universidade de Évora; na ESMAE; no Balleteatro ou na Ecola Superior de Dança de Lisboa. Teatro e dança levam-no ainda a outras aventuras pela docência no estrangeiro e por Portugal fora. De 2003, ao lado de Magda Bizarro, é a criação da companhia Mundo Perfeito. Aqui começa não apenas a sua aposta na escrita, mas também um trabalho de profundo interesse partilhado e coletivo, disseminando-se pelo mundo em digressões. Conquista audiências e prémios, ganha relevância no panorama artístico e cultural, nunca desiste da ideia de que o trabalho deve ter na sua essência o facto de ser feito em grupo.
Em 2015 é nomeado para diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, onde desenvolve importante trabalho como criador e cooperante com outras companhias, incluindo estrangeiras - por exemplo, com o elenco da Royal Shakespeare Company, na adaptação dos romances "Ensaio sobre a Cegueira" e "Ensaio sobre a Lucidez". Ou, em 2016, quando deu corpo à parceria com o Camões Berlim, apresentando peças na Bienal de Wiesbaden, na Haus Hebbel am Ufer e no Kunstfest Weimar, no centenário da instituição.
"Sopro", peça de 2018, com a qual participou no festival internacional Theatherformen Braunschweig e de que hoje aqui se apresenta um excerto por Inês Henriques, teve estreia no Festival de Avignon. Segundo lembrou o próprio site do Teatro Nacional D. Maria II, o jornal Le Fígaro classificou-a como "uma homenagem vibrante ao teatro e àqueles que o fazem". Em 2019 foi distinguido com o Prémio Pessoa e, no começo de julho de 2021, foi nomeado diretor do Festival de Avignon. "É o mais belo festival do mundo", confessou, na conferência de imprensa ao lado da Ministra da Cultura de França.
Outros trabalhos seus são, por exemplo, "Urgências" (2006); "Yesterday's Man", com Rabih Mroué (2008); "O que se Leva desta Vida?", em colaboração com Gonçalo Waddington (2009); "Se uma Janela se Abrisse" (2010); "Tristeza e Alegria na Vida das Girafas" (2011); "Peça Romântica para um Teatro Fechado" (2013); "Três Dedos Abaixo do Joelho" e "Coro dos Amantes" (peças de 2014); "Ifigénia, Agamémnon, Electra" (2015); "Como Ela Morre" (2017); "Catarina e a Beleza de Matar Fascistas" (2020).
Também a escrita e a presença no grande ("Mal Nascida" e "Operação Outono" são casos emblemáticos) e no pequeno ecrãs o atraem, conforme o comprova, no segundo caso, a mini-série que criou e interpretou sob o título de "Noite Sangrenta".
Bicho do Mato
"Como no alpinismo, quando chegamos ao cume percebemos que a montanha continua para lá dele. Portanto, não podemos sentar-nos no cume a saborear aquilo que se conquistou. É preciso continuar", disse Tiago Rodrigues ao Expresso em entrevista no final de 2019. Frases que espelham a determinação do seu trabalho no dia a dia.
Inês Henriques é presença regular aqui no blog. A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a sua vida. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração.
Aqui no blog, estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa.
No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. A 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques.
A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice. "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello, foi a leitura proposta no dia 4 de março. "Putas Assassinas", de Roberto Bolaño, surgiu a 10 de março. Herberto Helder e "A Menstruação Quando na Cidade Passava", do livro "Poemas "Completos", foram a leitura seguinte. No dia 19, a proposta recaiu sobre "A Noite e o Riso", de Nuno Bragança. A 2 de abril, aqui se recuperara a sua leitura de um trecho da obra "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. No dia seguinte homenageou a falecida Lygia Fagundes Telles com um trecho da obra "A Disciplina do Amor" e a 23 aqui recuperei a sua leitura de "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
No Especial dedicado ao 25 de Abril, Inês Henriques apresentou um excerto da obra "Os Filhos da Madrugada", de Anabela Mota Ribeiro. A 5 de maio, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, propôs "Manual de Pintura e Caligrafia", de José Saramago. A 6 de junho leu "A Sangrada Família", de Sandro William Junqueira. No dia 1 de agosto, a escolha recaiu no japonês Junichiro Tanizaki com um excerto da obra "A Confissão Impudica". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". A 21 de outubro leu "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas", de Afonso Cruz. De 14 de novembro, no Especial Centenário de José Saramago, é a recuperação da sua leitura de um excerto da obra "Manual de Pintura e Caligrafia".
No Especial 1.000 Leituras de dia 23, "A História de Roma", de Joana Bértholo, foi a sua escolha. No dia 28 trouxe um pouco do livro "A Carne", cuja autora é Rosa Montero. O último dia de 2022 mostrou-a a ler um trecho da obra "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar. Voltou a 10 de fevereiro e leu um pouco do livro "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar", de Flannery O'Connor. No dia 14 de fevereiro, a leitura proposta foi "Falha", de Sarah Kane. A 8 de março, no Especial sobre o Dia Internacional da Mulher, leu "Os Anos", de Annie Ernaux. E, a 21, quando aqui surgiu o Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cá esteve a ler "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Cerimónia do Adeus", de Simone de Beauvoir, foi a sua proposta de 31 de março.
Comments