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Paulo Jorge Pereira

Inês Henriques lê "Vista Chinesa", de Tatiana Salem Levy

Estava longe do Brasil quando a melhor amiga foi violada, mas nem assim Tatiana Salem Levy deixou de a apoiar e, mais tarde, de contar a história, alterando nomes no livro que aqui volta a ser apresentado, agora por Inês Henriques. Depois de publicada a obra "Vista Chinesa", a amiga permitiu mesmo que a sua identidade fosse divulgada e, em breve, poderá haver adaptação cinematográfica.



A ascendência judaica, de famílias turcas, percebe-se no nome de Tatiana Salem Levy, ensaísta, escritora e investigadora (na Universidade Nova) brasileira que nasceu em Lisboa, a 24 de janeiro de 1979, quando a família procurara proteção da ditadura em Portugal. De volta ao Rio de Janeiro alguns meses depois do nascimento, Tatiana iria concluir estudos superiores em Letras, seguindo-se mestrado em Estudos Literários. Passaria por França e Estados Unidos no doutoramento, tornando-se tradutora e escrevendo contos depois de ter sido publicada a sua dissertação intitulada "A Experiência de Fora: Blanchot, Foucault e Deleuze".

"A Chave de Casa" (2007) seria o seu primeiro romance antes de publicar "Dois Rios" (2011), "Tanto Mar" (2013), "Paraíso" (2014), "O Mundo Não Vai Acabar" (2017) e "Vista Chinesa" (2021). As suas obras, já distinguidas com diversos prémios, estão traduzidas em cerca de uma dezena de países.

Tema comum nos livros que vem publicando, a violência exercida sobre as mulheres volta a estar presente em "Vista Chinesa", agora sob a forma de história da violação de que foi vítima a amiga, em 2014, na Floresta da Tijuca, em pleno Rio de Janeiro, quando saíra de casa para correr como costumava fazer.

"Aquela mata que todo o mundo admira quando está subindo a Vista Chinesa e na qual quase nunca reparo, porque quando estou correndo eu me desligo do mundo, aquela mata virou o meu inferno", lê-se no romance de Tatiana Salem Levy.

A 18 de outubro, apreentei aqui a primeira leitura deste livro imperdível.


Elsinore


Na apresentação do livro, que decorreu na Livraria da Travessa, a escritora abordou a experiência dolorosa de contar a história da amiga e de como a vida de uma mulher violada se altera para sempre.

A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia.

A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. No passado dia 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques.

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