Depois de o seu trabalho literário ter aqui sido alvo do interesse de Armando Liguori Junior, que leu o poema "Samadhi", a escritora Leila Guenther também participa e com aposta na poesia: "Antropoceno", do livro "Estive no Fim do Mundo e me Lembrei de Você", escrito por Adriane Garcia, é a proposta de leitura.
Multifacetada, de funcionária pública a atriz, além de historiadora e escritora, Adriane Garcia é natural de Minas Gerais, tendo nascido em Belo Horizonte a 8 de julho de 1973. A sua formação tem raiz na História, juntando-se ainda Arte-Educação e Teatro. Também na escrita tem sido diversificado o seu percurso, entre a poesia e as histórias para os mais jovens, sem excluir teatro e contos. Com a obra poética "Fábulas para Adulto Perder o Sono" foi mesmo premiada em 2013. O livro que hoje é aqui apresentado por Leila Guenther, "Estive no Fim do Mundo e Lembrei de Você", começou a ser escrito em 2018 e, em conversa com a jornalista Márcia Maria Cruz para o jornal Estado de Minas, em dezembro do ano passado, falando a propósito da apresentação da obra, Adriane Garcia mostrou as suas preocupações de caráter ecológico que lhe marcam o trabalho: "O tom da COP-26 foi de que estamos chegando a um ponto sem retorno. É terrível. Podemos dizer que não é uma questão da gente como indivíduos, claro que temos pequenas contribuições, mas é uma falácia dizer que o problema é porque gastei mais água no banho de hoje. Não é. São os grandes conglomerados, são países que não aceitam decrescer o mínimo no que eles chamam de desenvolvimento. Questiono se isso se chama desenvolvimento, progresso. Não conseguem fazer um planeamento sustentável para o planeta", lamentou.
Outras obras da autora: "O Nome do Mundo" (2014), "Só, com Peixes" e "Enlouquecer é Ganhar Mil Pássaros" (ambos de 2015, o segundo um e-book), "Embrulhado para Viagem" (2016), "Garrafas ao Mar" (2018), "Arraial do Curral del Rei: a Desmemória dos Bois" (2019) e "Eva-Proto-Poeta" (2020).
Escreve também no seu blog que pode ser encontrado aqui. Tem ainda participação em sites como Escritoras Suicidas e Literaturabr.
Peirópolis
"Fábulas para Adulto Perder o Sono" valeu a Adriane Garcia, em 2013, o Prémio Paraná de Literatura na categoria de poesia.
Natural de Blumenau, no Estado de Santa Catarina, onde nasceu em 1976, Leila Guenther tem formação na área de Letras pela Universidade de São Paulo. A estreia literária registou-se em 2006 com o livro de contos intitulado "O Voo Noturno das Galinhas", seguindo-se nova incursão no universo dos contos em 2011: "Este Lado para Cima" foi o título então publicado.
O livro "Viagem a Um Deserto Interior" (2015), em que se insere o poema "Samadhi", aqui já declamado por Armando Liguori Junior, foi a primeira intervenção da escritora na poesia. E ganhou tal evidência que foi mesmo um dos finalistas do Prémio Jabuti. "Partes Homólogas" é de 2019.
Em entrevista ao blog da Ateliê Editorial, a autora traçou uma espécie de resumo sobre "Viagem a Um Deserto Interior": "É um livro de poemas e haicais dividido em cinco partes: 'Paisagens de Dentro'; 'O Deserto Alheio'; 'Castelo de Areia'; 'Um Jardim de Pedra' e 'A Possibilidade do Oásis'. Tais partes relacionam, respetivamente, drama interior e solidão; o Outro, lugares estranhos/estrangeiros e o desejo de fuga para regiões distantes; observação minuciosa do ambiente doméstico; o ambiente urbano, a natureza e o caminho do zen-budismo; e, com alguma ironia, a lembrança do amor e o desejo de libertação", explicou.
Mas não se fica por estes livros a sua atividade: de acordo com o perfil no seu blog, chamado Na Linha da Vida, tem registado participações em diferentes coletâneas. "Quartas Histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa"; "Capitu Mandou Flores: Contos para Machado de Assis nos Cem Anos de sua Morte"; "50 versões de Amor e Prazer: 50 Contos Eróticos por 13 Autoras Brasileiras"; "Cusco, Espejo de Cosmografías: Antología de Relato Iberoamericano"; "Outras Ruminações: 75 Poetas e a Poesia de Donizete Galvão"; "70 Poemas para Adorno"; "Grenzenlos"; "69: Antología de Microrrelatos Eróticos"; "Blasfêmeas: Mulheres de Palavra"; "Transpassar: Poética do Movimento pelas Ruas de São Paulo"; "Um Girassol nos teus Cabelos: Poemas para Marielle Franco" e "Sobre Poesia, Ainda".
Além disso, é responsável por "edições comentadas de obras da literatura brasileira e portuguesa". E estende o seu trabalho às artes dramáticas com a adaptação da peça "A Dama do Mar", de Susan Sontag, "baseada em Ibsen", tendo ainda traduzido "A Velha", "adaptação de Darryl Pinckney para uma novela de Daniil Kharms".
E, quando questionada, na já citada entrevista ao blog da editora, sobre as inspirações para ser poeta, Leila Guenther foi taxativa: "Não me vejo como 'poeta'. Não me vejo sequer como escritora. Nem todo o mundo que cuida de doente é enfermeiro. Sou, antes, uma leitora. Uma amadora, no bom e no mau sentido. E, como gosto de observar e de aprender, tudo me serve de inspiração."
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