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Paulo Jorge Pereira

"O Sentido do Fim", de Julian Barnes

Sendo já um colecionador de galardões, foi com a obra "O Sentido do Fim" que Julian Barnes conquistou, em 2011, o Booker Prize. Mas o trabalho literário do inglês inclui ainda livros de âmbito policial, assinados sob pseudónimo.



Julian Patrick Barnes nasceu em Leicester, a 19 de janeiro de 1946, filho de um casal de docentes de Francês que deslocou a sua residência para perto de Londres pouco depois do nascimento da criança. Uma nova mudança familiar colocou o futuro escritor a viver no Middlesex, numa fase em que já revelava forte inclinação para os livros. Estudaria Línguas e Literaturas Modernas e, depois da formação, trabalharia de início como lexicógrafo no Oxford English Dictionary. Foram três anos de empenhamento total, seguindo-se as experiências no universo jornalístico como editor na secção literária do New Statesman e do New Review. E seria já como crítico de TV, entre 1979 e 1986, que começaria a publicar. "Metroland", em 1980, representou a sua estreia, mas não se ficaria pelos romances, nem sequer pela assinatura única como Julian Barnes: no mesmo ano, o pseudónimo de Dan Kavanagh construiu a primeira aventura de investigação policial sob o título "Duffy".

Ao longo dos anos, Julian Barnes publicaria também ensaios e contos, mas romances e crimes foram os principais centros da sua atenção. Com a tal assinatura de Kavanagh apresentou "Fiddle City" (1981), "Putting the Boot In" (1985) e "Going to the Dogs" (1987). Pelo meio, "O Papagaio de Flaubert" (1984) foi o seu primeiro romance a posicionar-se entre os finalistas do Man Booker, mas não venceria o prémio. Seguiram-se "Staring at the Sun" (1986), "A História do Mundo em 10 Capítulos e 1/2 (1989), "Talking it Over" (1991), "The Porcupine" (1992) e "Inglaterra, Inglaterra" (1998), outro livro seu a chegar aos finalistas do Booker. "Amor & Cª", de 2000, deu continuidade a "Talking it Over" antes da publicação de "Arthur & George" (2005), outro finalista do Booker Prize. Passariam seis anos até um novo romance surgir: precisamente "O Sentido do Fim", de que aqui se apresenta um trecho, e que valeria a Barnes o Booker. Mais recentes são "O Ruído do Tempo" (2016), "A Única História" (2018), "O Homem do Casaco Vermelho" (2019) e "Elizabeth Finch" (2022).

Numa entrevista com a artista Rachel Whiteread, em abril de 2016, o escritor foi além do universo literário e não deixou dúvidas quanto à forma contundente como classificava o Brexit: "Não sabemos se será um desastre político ou económico, mas é certamente um desastre moral."


Quetzal/Tradução de Helena Cardoso


Entre 2003 e 2004, Julian Barnes foi "The Pedant in the Kitchen", título da coluna gastronómica que escreveu para o diário The Guardian.

A perda da mulher, Pat Kavanagh, com quem fora casado entre 1979 e 2008, foi um dos mais rudes golpes sofridos pelo escritor e algo que o levou a escrever "Os Níveis da Vida" (2013).

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