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Paulo Jorge Pereira

"Salazar e o Poder - A Arte de Saber Durar", de Fernando Rosas

Professor emérito da Universidade Nova e historiador, Fernando Rosas tem vasta obra publicada sobre a ditadura e uma vida inteira de dedicação à atividade política desde os tempos da juventude em que se bateu contra o salazarismo. Em semana de eleições, aqui se regressa a um pouco do seu livro "Salazar e o Poder - A Arte de Saber Durar", publicado em 2012.



A política assumiu desde muito cedo uma influência fulcral na sua vida - filho e neto de republicanos, Fernando José Mendes Rosas ainda era estudante liceal e já se empenhava no combate contra a ditadura de Salazar no dealbar dos anos 60, filiando-se mesmo no Partido Comunista (PCP). Vai licenciar-se em Direito e, claro, estará na primeira fila das revoltas estudantis que marcam a década de 60, pagando a ousadia com uma detenção por mais de um ano. Mesmo demarcando-se do PCP, não deixa de demonstrar a sua contestação à ditadura, primeiro na Comissão Democrática Eleitoral, parte da oposição, ao lado da CEUD (de Mário Soares e de muitos outros que estarão na fundação do Partido Socialista em 1973), para as eleições de 1969, numa altura em que desempenhava funções como jurista no Gabinete de Estudos e Planeamento dos Transportes Terrestres. No ano seguinte ajuda a fundar o MRPP e, em 1971, torna a ser alvo das garras da PIDE, desta vez sendo mesmo torturado e ficando preso durante quase ano e meio. Além disso, deixa de estar autorizado a regressar a qualquer tipo de tarefa como funcionário público. Ainda assim, a ditadura não consegue vergá-lo - em 1973 já está de novo em ação, então para não permitir que seja abafada a história do assassínio de Amílcar Cabral. Outra vez alvo da caça ao homem por parte da PIDE, consegue iludir a polícia política e torna-se mais discreto, passando a agir na sombra até à Revolução dos Cravos.

Em democracia, a sua atividade política é ainda mais pujante. Está ao lado de Ramalho Eanes nas duas candidaturas à Presidência e, pelo meio, a partir de 1979, assume a direção do jornal Luta Popular, pertencente ao MRPP, do qual sai um ano mais tarde, figurando a partir de 1985 em diversos atos eleitorais como candidato independente a deputado em listas do PSR. Passa para o Jornalismo, primeiro no suplemento cultural do Diário de Notícias até 1993 e, em seguida, como colunista do Público. Em paralelo, melhora o seu currículo com estudos de História dos séculos XIX e XX que lhe permitem realizar um mestrado, entrar para a docência na Universidade Nova e, mais tarde, doutorar-se em História Contemporânea (1990), passando a ser professor catedrático a partir de 2003. Diretor da revista História, entre 1990 e 2013 liderou o Instituto de História Contemporânea. Em 1999 foi um dos fundadores do Bloco de Esquerda, partido pelo qual foi três vezes eleito deputado na Assembleia da República. Em 2001, num ato eleitoral ganho por Jorge Sampaio, foi o candidato presidencial do Bloco de Esquerda.

Tendo vasta obra dedicada sobretudo ao período da ditadura, Rosas publicou, por exemplo, "As Primeiras Eleições Legislativas sob o Estado Novo: as Eleições de 16 de dezembro de 1934" (1985); "O Estado Novo nos anos 30" (1986); "O Salazarismo e a Aliança Luso-Britânica: Estudos Sobre a Política Externa do Estado Novo nos Anos 30 a 40" (1988); "Portugal Entre a Paz e a Guerra 1939-45" (1990); "Salazarismo e Fomento Económico" (2000); "Portugal Século XX: Pensamento e Ação Política" (2004); "Lisboa Revolucionária" (2007); "Salazar e o Poder: A Arte de Saber Durar" (2012), de que aqui se apresenta a leitura de um excerto, ou "Salazar e os Fascismos" (2019).


Editora Tinta da China


Fernando Rosas tem uma vida inteira dedicada à política, desde os tempos de combate à ditadura, em que foi preso pela PIDE várias vezes, até às intervenções em democracia, incluindo eleições como deputado e até uma candidatura à Presidência.

Além das obras que escreve como autor, tem ainda colaboração ou dirige muitas outras, incluindo o "Dicionário de História do Estado Novo" (1995), "Portugal e a Guerra Civil de Espanha" (1996) ou "História da República Portuguesa" (2009). Com presença assídua em debates nos meios audiovisuais, escreve com regularidade, por exemplo, no diário Público.

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