Considerada uma das grandes obras do Neorrealismo em Portugal, "Uma Abelha na Chuva", publicada por Carlos de Oliveira em 1953, é a proposta de leitura que hoje aqui regressa e que teve adaptação cinematográfica em 1972.
Os pais eram imigrantes no Brasil quando Carlos Alberto Serra de Oliveira nasceu em Belém (Estado do Pará), a 10 de agosto de 1921. Dois anos depois já estavam de regresso a Portugal, vivendo em Febres, na Gândara (Cantanhede), área em que o pai era médico. Mas o jovem Carlos de Oliveira iria passar a viver em Coimbra e ali completar a sua formação académica, licenciando-se em Ciências Histórico-Filosóficas no ano de 1947 com base na tese intitulada "Contribuições para uma Estética Neo-Realista. A sua obra incide de modo maioritário no campo da poesia, embora se estenda ao romance e à crónica. "Turismo" (1942) foi o seu livro de estreia, seguindo-se os romances "Casa na Duna" (1943) e "Alcateia" (1944) antes do regresso à poesia com "Mãe Pobre" (1945). Antes, em 1937, ao lado de Fernando Namora e Artur Varela, publicou "Cabeças de Barro", um conjunto de novelas. Em 1946 participa no livro do maestro Fernando Lopes Graça intitulado "Marchas, Danças e Canções".
De 1948, ano em que troca Coimbra por Lisboa e desenvolve atividade em publicações como Altitude, Seara Nova, Portucale, Cadernos do Meio-Dia e Vértice, na qual chega mesmo a diretor, são "Colheita Perdida", e "Pequenos Burgueses", publicados antes de "Descida aos Infernos" (1949), "Terra de Harmonia" (1950) e "Uma Abelha na Chuva" (1953), de que aqui se apresenta um trecho e cuja adaptação ao cinema, em 1972, teve realização de Fernando Lopes com João Guedes e Laura Soveral nos principais papéis. Em 1957, numa parceria com José Gomes Ferreira, está na organização dos "Contos Tradicionais Portugueses". Seguiram-se "Cantata" (1960), a antologia "Poesias (1945-1960)", de 1962, "Micropaisagem" e "Sobre o Lado Esquerdo, o Lado do Coração", ambos de 1968.
Na década de 70 iria publicar "Entre Duas Memórias" e a antologia de crónicas "O Aprendiz de Feiticeiro" (ambos de 1971), outra antologia sob a designação de "Trabalho Poético" (1975), "Pastoral" (1977) e "Finisterra: Paisagem e Povoamento" (1978). Morreria na sua casa em Lisboa, a 1 de julho de 1981. Doado pela família, parte do espólio pessoal do escritor pode ser vista na Casa-Museu com o seu nome em Cantanhede e o seu papel no movimento neorrealista português é também alvo de análise no museu do Neorrealismo (Vila Franca de Xira).
Livros do Brasil
Carlos de Oliveira recebeu os prémios Bordalo (1971) e Cidade de Lisboa (1978).
Numa iniciativa da Câmara Municipal de Cantanhede, o Prémio Literário Carlos de Oliveira homenageia o escritor e estimula a criação literária.
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