Poucos dias antes do Natal, Holden Caulfield é expulso da escola e, sem coragem de voltar para casa onde terá de confrontar-se com os pais, vagueia sem rumo por Nova Iorque - "Uma Agulha no Palheiro" (ou "À Espera no Centeio"), de J. D. Salinger, parte daqui para enfeitiçar os leitores.
Jerome David Salinger nasceu em Nova Iorque, a 1 de janeiro de 1919. Era ainda estudante do ensino secundário quando a atração exercida pela escrita o levou a dedicar-se a contos, muitos deles publicados em revistas até se alistar para combater na II Guerra Mundial. De 1948, altura em que já se casara e separara de Sylvia Welter, é a publicação, na revista New Yorker, do conto "A Perfect Day for Bananafish", do qual resultaram os primeiros sinais de reconhecimento. Mas só três anos mais tarde, quando surgiu "The Catcher in the Rye", ou seja, "Uma Agulha no Palheiro" (também conhecido com o título "À Espera no Centeio"), de que aqui se apresenta um trecho, o sucesso o inundou.
Ao contrário do que poderia esperar-se, o êxito exerceu um efeito inesperado e Salinger passou a aparecer em público apenas de forma esporádica. Em 1953 publicou "Nine Stories" e casou-se com a psicóloga Claire Douglas em 1955 (iriam separar-se 12 anos mais tarde), de quem teve dois filhos: Margaret, logo em 1955, e Matt, cinco anos depois. Levava uma vida de eremita, a escrita absorvia o seu dia a dia, e continuou a publicar: "Franny & Zooey" (1961) ou "Raise High the Roof Beam, Carpenters" e "Seymour: An Introduction" (ambos de 1963), são apenas exemplos. Dois anos mais tarde, a revista New Yorker apresentou aquela que seria a sua última obra: "Hapworth 16, 1924".
Casado a partir de 1988 com Colleen O'Neill, Salinger teve direito a duas obras de memórias nos anos 90: primeiro foi Joyce Maynard, com quem mantivera um relacionamento, a publicar; depois, a própria filha, Margaret, também escreveu um livro sobre a vida do pai.
Livros do Brasil/Tradução de João-Palma Ferreira
Mark David Chapman, que assassinou John Lennon em 1980, disse que se inspirara no livro de Salinger e John Hinckley, responsável pela tentativa de assassínio de Ronald Reagan no ano seguinte, também leu a obra.
A 27 de janeiro de 2010, aos 91 anos, Salinger morreu em Cornish. Para trás ficava uma obra admirada de um autor com personalidade estranha e invulgar.
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